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Com a renúncia de Truss, o que acontece agora no Reino Unido?

Haverá eleições gerais? Quem a substituiria? O cenário no país é mais incerto que nunca, após perder três premiês em menos de três anos

Por Amanda Péchy
20 out 2022, 10h37
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  • Liz Truss anunciou sua renúncia nesta quinta-feira, 20, após caóticos 45 dias no cargo. Apesar da primeira-ministra de saída ter anunciado uma disputa pela liderança de Partido Conservador, para substituí-la no cargo – como ocorreu com seu antecessor, Boris Johnson – muitos membros do Parlamento britânico estão pedindo por eleições gerais.

    Truss tornou-se a premiê com o mandato mais curto da história, depois de enfrentar uma revolta aberta dos conservadores exigindo sua saída. Falando de um púlpito no número 10 de Downing Street, a sede do governo, ela reconheceu que “não pode cumprir o mandato” que o Partido Conservador lhe deu há pouco mais de seis semanas.

    Em conversa com o presidente do Comitê de 1922, Sir Graham Brady, que representa os conservadores que não têm cargo no governo, ela concordou com uma votação interna no partido para escolher um novo líder, “a ser concluída na próxima semana”.

    “Isso garantirá que permaneçamos no caminho para entregar nosso plano fiscal e manter a estabilidade econômica e a segurança nacional de nosso país”, acrescentou.

    Com isso, a primeira-ministra pretendia anular qualquer pedido de eleição geral ou desafio de liderança. No entanto, apenas pouco mais de 80 mil membros do Partido Conservador – ou 0,17% do eleitorado nacional – votaram em Liz Truss na disputa pela liderança conservadora.

    O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, pediu eleições gerais imediatas. Em um comunicado, ele afirmou que o Partido Conservador mostrou que não consegue mais governar e que o público britânico merece dar sua opinião sobre o futuro do país.

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    “Após 12 anos de fracasso dos conservadores, o povo britânico merece muito mais do que esta porta giratória do caos”, disse. “Os conservadores não podem responder às suas últimas bagunças simplesmente estalando os dedos e arrastando as pessoas no topo sem o consentimento do povo britânico. Precisamos de uma eleição geral – agora.”

    A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, também pediu eleições gerais.

    “Não há palavras para descrever esta completa confusão adequadamente. Está além da hipérbole – e paródia”, disse no Twitter. “A realidade é que as pessoas comuns estão pagando o preço. Os interesses do partido conservador não devem preocupar ninguém agora. Uma eleição geral é agora um imperativo democrático.”

    Apesar dos apelos de Starmer, Sturgeon e outros parlamentares, é provável uma eleição geral?

    Tecnicamente, o Partido Conservador ainda tem dois anos para convocar uma eleição geral, que só precisa acontecer em 2025. No entanto, até mesmo membros da legenda pediram uma votação em meio às cenas caóticas do governo, sob o risco de perderem o poder.

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    Segundo o compilado de pesquisas de opinião do portal de notícias Politico, o Partido Trabalhista tem 52% das intenções de voto, enquanto os conservadores somam apenas 23%. (Quando Truss assumiu o cargo, em 7 de setembro, o abismo era menor: 42% para os trabalhistas e 31% para os conservadores).

    Apesar disso, as regras continuam. Uma eleição geral não precisa ser convocada até janeiro de 2025, quando o mandato parlamentar se esgota. Tal como está, o parlamento se dissolverá automaticamente na terça-feira, 17 de dezembro de 2024, a menos que tenha sido dissolvido antes pelo rei Carlos III.

    Espera-se que o dia da votação ocorra 25 dias depois, o que significa que a última data possível para uma eleição é terça-feira, 24 de janeiro de 2025.

    Com Truss afastada, contudo, seu substituto poderá enfrentar uma pressão política tão intensa que se sentirá obrigado a convocar uma eleição. Ou, ainda, se o Partido Conservador não tiver consenso para um substituto, poderá embarcar na longa disputa formal.

    Uma certeza constitucional é que o Reino Unido deve sempre ter um primeiro-ministro. Se ninguém for confirmado para substituí-la, de acordo com as normas constitucionais, aconteceria uma eleição geral.

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