O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, suspendeu a retomada das conversações de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN) em Quito, previstas para esta quarta-feira, depois dos ataques que foram atribuídos à guerrilha.
“Conversei com o chefe da delegação do governo em Quito (Gustavo Bell) para que volte de imediato para avaliar o futuro do processo”, afirmou o presidente em um discurso televisionado da sede da presidência, a Casa de Nariño.
As partes estavam prontas para retomar as negociações de paz nesta quarta-feira nos arredores da capital equatoriana, a fim de acertar um novo cessar-fogo como o que esteve em vigor entre 1º de outubro e o último dia 9.
Santos disse que o Exército de Libertação Nacional (ELN) retomou nesta madrugada “seus ataques terroristas contra a população civil, as Forças Armadas e infraestruturas”. Mais cedo, a petroleira estatal Ecopetrol relatou um possível ataque a um poço no departamento de Casanare (leste).
Além disso, as autoridades denunciaram que um posto de segurança da Marinha foi atacado com uma granada em Arauca, zona na fronteira com a Venezuela e de presença histórica do ELN.
Dois militares ficaram feridos no incidente, de acordo com a imprensa local.
“Meu compromisso com a paz tem sido e será inabalável. Mas a paz só pode ser alcançada com vontade e atos concretos, e não apenas com palavras”, afirmou Santos.
Além disso, quatro pessoas morreram em meio a ações do ELN e outros grupos armados nos últimos dias no sudoeste do país, segundo a Defensoria do Povo, que vela pelos direitos humanos.
Na véspera, o ELN anunciou o fim de sua primeira trégua bilateral na Colômbia a partir da meia-noite, embora afirmasse que iria evitar uma escalada do conflito enquanto negociasse com o governo.
O cessar-fogo acabou com queixas mútuas de descumprimento, mas com um fato indiscutível: nos últimos três meses não houve confrontos entre os militares e as tropas rebeldes pela primeira vez em mais de meio século de conflito.
Além da interrupção do confronto, o ELN tinha se comprometido a suspender sequestros e ataques à infraestrutura petroleira, enquanto o governo melhoraria as condições dos guerrilheiros presos e a segurança dos líderes sociais, alvos de ataques que deixaram 105 mortos entre janeiro e 20 de dezembro de 2017, segundo a ONU.
Com menos de 2.000 combatentes, o ELN é a última guerrilha ativa na Colômbia reconhecida pelo governo, após o desarmamento e a transformação em partido político da ex-insurgência das Farc, no fim de 2016.