A coalizão árabe comandada pela Arábia Saudita pode ter cometido crimes de guerra no Iêmen ao “endurecer as restrições” à entrada de bens essenciais ao país, advertiu nesta sexta-feira (22) a Anistia Internacional (AI).
A órgão não-governamental também acusou os rebeldes houthis de provocar atrasos “excessivos” e “arbitrários” na distribuição de alimentos e remédios e de assistência humanitária nas zonas em risco de crise de fome.
“Milhões de vidas correm perigo no Iêmen devido às restrições impostas pela coalizão dirigida pela Arábia Saudita à entrada de bens essenciais — como alimentos, combustível e material médico — nesse país assolado pela guerra e pelos atrasos causados pelas autoridades houthis na distribuição do que entra”, advertiu a Anistia Internacional por meio de comunicado.
Nos últimos dias, a estratégica cidade portuária de Al-Hodeidah tornou-se o principal alvo dos ataques da coalizão. A cidade é controlada pelos houthis. Para lá fluíram milhares de iemenitas, em fuga dos bombardeios em outras localidades e em busca de alimentos. Para a AI, o quadro local “agrava a já difícil situação humanitária no Iêmen e viola o direito internacional”.
“Estas limitações estão tendo consequências cada vez mais graves para a população civil, pois há milhões de pessoas que estão à beira da crise de fome e necessitam de assistência humanitária”, afirmou a diretora de investigação da Anistia Internacional para o Oriente Médio, Lynn Maalouf.
Concretamente, a AI acusa a coalizão de atrasar o desembarque da ajuda humanitária no porto de Al-Hodeidah impondo revisões das cargas. O comando da coalizão suspeita da entrega de armas iranianas para os houthis, entre o material de assistência humanitária.
“Estas inspeções excessivas estão tendo um efeito catastrófico no Iêmen. Ao atrasar o fornecimento ao país de bens essenciais, como combustível e remédios, a coalizão dirigida pela Arábia Saudita está abusando de seu poder para aplicar cruelmente um sofrimento adicional às populações civis mais vulneráveis do Iêmen”, acrescentou Maalouf.
A responsável da AI para o Oriente Médio advertiu também que “os bloqueios que causam dano substancial e desproporcional aos civis são proibidos pelo direito internacional”.
Além disso, Maalouf pediu aos houthis a eliminação “dos obstáculos que impedem o envio de ajuda humanitária e a implementação de projetos humanitários” e a adoção de medidas para acabar com as “extorsões” sofridas por organizações humanitárias para poder realizar seu trabalho.
As forças leais ao Abdo Rabu Mansour Hadi, presidente do Iêmen, contam com o apoio da coalizão árabe capitaneada por Riad e estão dispostas a lançar uma grande ofensiva sobre Al-Hodeidah. Na cidade, controlada pelos houthis desde 2014, vivem 600 mil pessoas. No seu porto, são desembarcadas 70% das provisões básicas e alimentos do país.
(Com EFE)