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China planeja interferência nas eleições de Taiwan, diz Taipei

De acordo com a inteligência taiwanesa, Pequim busca influenciar resultado do pleito e agir sem gerar provas

Por Da Redação
8 dez 2023, 13h19
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  • Um alto funcionário de segurança de Taiwan denunciou na noite de quinta-feira 7 que autoridades da China se reuniram para discutir planos de interferência visando as eleições presidenciais da ilha. Wang Huning, o quarto líder do Partido Comunista da China e o principal funcionário encarregado dos assuntos de Taiwan, teria pressiado agentes de Pequim a serem mais eficazes e discretos no seu trabalho.

    De acordo com o funcionário taiwanês, que fez a denúncia a alguns veículos da mídia americana, Wang disse aos funcionários presentes na reunião que o Partido Comunista Chinês deve aumentar a sua eficácia em influenciar a opinião pública de Taiwan. Ele também tem o objetivo de reduzir a probabilidade de partes externas encontrarem provas de tal interferência.

    Wang, conselheiro de longa data do líder chinês Xi Jinping, foi encarregado dos assuntos de Taiwan no início deste ano, após ser nomeado vice-chefe do Grupo Central de Liderança para Assuntos de Taiwan.

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    Eleições em Taiwan

    As alegações surgem enquanto os candidatos presidenciais de Taiwan fazem campanha com força total para as sensíveis eleições, num momento de altas tensões no Estreito de Taiwan. Ao longo deste ano, a China aumentou a pressão militar, política e econômica na ilha democrática que Pequim reivindica como seu território.

    O vice-presidente Lai Ching-te, candidato do Partido Progressista Democrático (DPP), atualmente no poder de Taiwan, lidera as sondagens, deixando para trás políticos mais alinhados com a China. Pequim condena Lai como um “separatista” e “encrenqueiro” pelas suas tendências pró-independência.

    A China há muito é acusada de se intrometer nas eleições de Taiwan para aumentar as chances de candidatos que defendem laços mais estreitos com o país. O oficial de segurança taiwanês destacou que, desde a semana passada, houve um grande número de críticas nas redes sociais visando a companheira de chapa de Lai e candidata à vice-presidência, Hsiao Bi-khim, em contas supostamente controladas pelo Estado chinês.

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    Alguns posts acusaram Hsiao, que era a principal representante de Taiwan nos Estados Unidos, de ser uma “separatista obstinada”, enquanto outros alegaram falsamente que ela ainda possui cidadania americana.

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    As ‘três guerras’ da China contra Taiwan

    Durante a reunião relatada pela autoridade taiwanesa, os funcionários presentes foram instruídos a coordenar o seu trabalho com o Departamento Central de Propaganda do Partido Comunista e a Base 311 do Exército de Libertação Popular – uma unidade de guerra psicológica sediada na cidade de Fuzhou, perto da costa do Estreito de Taiwan.

    Criada em 2005, a Base 311 atraiu a atenção de especialistas em defesa global pelo seu papel como comando operacional para a estratégia das “Três Guerras” de Pequim contra Taipei: a guerra de opinião pública, guerra psicológica e guerra judicial.

    Na reunião, predominou a narrativa de que as próximas eleições são uma “escolha entre a guerra e a paz”. A China que culpa o DPP por alimentar tensões com “provocações”. Já o partido vê a ilha como uma nação soberana, posição fez Pequim cortar comunicações oficiais com o governo taiwanês desde que o atual partido chegou ao poder.

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    “Eles esperam que o partido de que não gostam perca as eleições”, disse o responsável taiwanês, referindo-se ao DPP.

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    Histórico de interferências

    Antes da primeira eleição presidencial direta de Taiwan, em 1996, Pequim disparou mísseis em direção à ilha para intimidar os eleitores a não apoiarem um candidato que defendia as identidades separadas da ilha e da China. O tiro saiu pela culatra e Lee Teng-hui obteve uma vitória esmagadora.

    Desde então, a China mudou de abordagem. Autoridades e especialistas taiwaneses acusam Pequim de espalhar desinformação nas redes sociais, financiar ilicitamente campanhas eleitorais e meios de comunicação, bem como influenciar empresas taiwanesas com investimentos da China continental.

    Em 2019, semanas antes das últimas eleições presidenciais e legislativas de Taiwan, a legislatura da ilha aprovou uma lei destinada a bloquear a interferência política da China. A Lei Anti-Infiltração procura fechar lacunas legais, impedindo qualquer força estrangeira de fazer doações políticas, espalhar desinformação e organizar eventos de campanha.

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