Duas agências de turismo da China foram multadas por oferecerem passeios para o Vaticano, país com o qual os chineses romperam relações diplomáticas há mais de 60 anos. Por realizarem negócios com países que não estão na lista de destinos autorizados pelas autoridades chinesas, as empresas serão obrigadas a pagarem 300.000 iuanes (cerca de 150.000 reais).
As sanções chamam a atenção pelo fato de a Itália, país cuja capital Roma divide limites territoriais com o Vaticano sem nenhuma imposição de controles fronteiriços, ser um destino autorizado por Pequim. Na prática, é virtualmente impossível controlar a entrada de turistas chineses hospedados em cidades italianas a atrações como a Praça e a Basílica de São Pedro, alguns dos principais marcos do país onde reside o Papa Francisco.
As medidas são consequências de uma recente inspeção feita pelas autoridades de turismo chinesas às ofertas das agências do setor. A lista de destinos autorizados pela China é formada por 127 países. A última inclusão, o Panamá, foi feita na última semana. Além do Vaticano, as agências também foram multadas por ofertarem passeios ao arquipélago de Palau.
A China e o Vaticano romperam seus laços diplomáticos em 1951, depois da expulsão de missionários católicos pelo então regime maoista. Pequim não aceita que a Santa Sé designe cargos eclesiásticos em território chinês, onde, desde a chegada de Xi Jinping à presidência, houve um aumento da repressão do governo, fundamentado no ateísmo, contra crenças religiosas. A remoção de cruzes e outros símbolos cristão no leste do país, e até mesmo a substituição de imagens de Jesus Cristo por fotos de Xinping em casas de família foram algumas das medidas aplicadas pelo regime.