Dando sequência à controversa e rígida política de “Covid zero”, a China anunciou um lockdown na cidade de Chengdu, de 21,2 milhões de habitantes. Todos os residentes da capital da província de Sichuan terão que ficar em casa a partir das 18h desta quinta-feira, 1, e famílias estão autorizadas a enviar apenas uma pessoa por dia para fazer compras de produtos necessários.
Nesta quinta-feira, a cidade registrou um recorde de 157 novas infecções, incluindo 51 pessoas assintomáticas. As autoridades de saúde classificaram a situação como “extremamente complexa e grave” e atribuíram o surto a reuniões durante o clima quente em dois locais de natação e entretenimento.
Por conta do aumento, todos os moradores serão testados nos próximos dias e ainda não há data determinada para a suspensão das restrições.
Com o lockdown, está proibido também que pessoas entrem ou saiam da cidade. Apenas moradores com teste de Covid-19 negativo que precisam de algum produto essencial que só está disponível fora da cidade poderão sair de lá, mas todos os voos foram suspensos e o início do período escolas foi adiado, segundo a mídia estatal.
+Mundo registra queda de 16% no número semanal de casos de Covid-19
Medidas rigorosas de “lockdowns-relâmpago”, testagem em massa e quarentenas foram empregadas em toda a China para conter surtos esporádicos, no que ficou conhecido como estratégia de “Covid zero”. Essa abordagem foi eficaz até este ano, quando a variante Ômicron, altamente transmissível, causou o maior surto do país desde Wuhan, em 2020.
O centro financeiro de Xangai, por exemplo, ficou sob um bloqueio restrito por dois meses, provocando protestos pela escassez de alimentos e atraso nos atendimentos médicos de emergência.
As restrições severas estão se refletindo em impactos na economia da China. Em março, o desemprego atingiu o maior índice de 21 meses. Muitas empresas foram forçadas a suspender as operações em vários locais, incluindo as montadoras Volkswagen, Tesla e iPhone Pegatron. A moeda chinesa, o yuan, enfraqueceu rapidamente nesta semana, caindo para o nível mais baixo desde novembro de 2020.
O presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China, Jörg Wuttke, declarou, no início de abril, que o governo chinês está “dolorosamente ciente dos danos à economia”.
Apesar das estimativas de recessão econômica, e de o número de mortes por Covid permanecer relativamente baixo até este último surto, as autoridades e a mídia estatal indicaram que a política restritiva da China não mudará tão cedo.