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Chile reabre investigação sobre a morte de Pablo Neruda durante ditadura

Poeta ganhador do Nobel de Literatura foi morto dias após o golpe militar no Chile em 1973

Por Da Redação
Atualizado em 7 Maio 2024, 17h06 - Publicado em 21 fev 2024, 16h50
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  • A Corte de Apelações do Chile decidiu nesta terça-feira, 20, reabrir a investigação sobre a morte do escritor Ricardo Reyes, mais conhecido pelo seu pseudônimo Pablo Neruda. O Prêmio Nobel de Literatura foi morto dias após o golpe militar em 1973, quando Augusto Pinochet tomou o poder. A decisão revogou o arquivamento do caso, ordenado em dezembro de 2023 pela juíza Paola Plaza, e pode esclarecer o que exatamente matou o poeta.

    O pedido de reabrir o caso, feito em dezembro, foi inicialmente negado. No entanto, Rodolfo Reyes, advogado e sobrinho do poeta, afirmou que especialistas forenses do Canadá, Dinamarca e Chile encontraram sinais de envenenamento em seu corpo. Segundo Reyes, testes forenses realizados nos laboratórios estrageiros indicaram que o cadáver de Neruda continha “uma grande quantidade de Cloristridium botulinum, que é incompatível com a vida humana”, já que a toxina pode causar paralisia do sistema nervoso e morte.

    A posição oficial sobre a morte de Neruda é que ele pereceu de complicações causadas por um câncer de próstata. Mas desde sua morte, parentes afirmam que o escritor foi morto por envenenamento (seu motorista também confirmou essa teoria). Outros peritos internacionais já rejeitaram que a causa da morte do chileno foi a caxequia, ou fraqueza e desgaste do corpo por doença crônica.

    Caso reaberto

    O tribunal de apelações de Santiago revogou por unanimidade a resolução da juíza Plaza e ordenou que todos os procedimentos solicitados pelo sobrinho sejam realizados. As etapas incluem uma análise caligráfica da certidão de óbito, uma meta-análise dos resultados dos exames feitos por agências estrangeiras e intimações para declarações do projeto de documentação do Chile e de um especialista em Clostridium botulinum.

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    A morte de Neruda começou a ser investigada em 2011, quando seu ex-motorista, Manuel Araya, disse à imprensa que o poeta poderia ter sido envenenado. Em 2017, um teste forense encontrou vestígios de uma bactéria letal nos dentes molares do escritor. Em um artigo publicado dois antes na prestigiada Nature, investigadores forenses da Universidade McMaster, no Canadá, e da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, confirmaram a alta concentração da bactéria nos restos mortais, o que pode indicar envenenamento intencional ou infecção natural.

    Pablo Neruda, além de ser conhecido por seus poemas de amor, era também um político chileno, membro do Partido Comunista e amigo do ex-presidente do Chile, Salvador Allende, cujo governo foi derrubado com o golpe. Na época, o escritor ficou traumatizado com o regime militar e a perseguição e assassinato de seus amigos. Ele planejava exilar-se no México, onde teria sido uma voz influente contra a ditadura. No entanto, um dia antes de sua partida planejada, ele foi levado de ambulância para uma clínica em Santiago, onde morreu em 23 de setembro de 1973.

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