Em uma ação que foi classificada como “atentado” pelas autoridades, 29 caminhões florestais foram incendiados na região de Los Ríos, no sul do Chile. “Hoje, soubemos de um atentado a caminhões florestais na região de Los Ríos. Vamos combater a violência”, afirmou a presidente Michelle Bachelet, após o ataque na zona de San José de la Mariquina.
Com frequência, o sul do Chile é palco de ataques incendiários. Alguns já foram reivindicados por grupos mapuches radicais, que exigem a restituição de terras que consideram suas por direitos ancestrais. Nenhum grupo, no entanto, assumiu a autoria do ataque aos caminhões até o momento.
O subsecretário do Interior, Mahmud Aleuy, viaja nesta segunda à tarde para a região. Ele vai avaliar as ações judiciais possíveis contra os responsáveis pelo ataque. “Como governo, condenamos esse tipo de ato. Estamos esperando que o procurador regional nos dê os dados indiciários para poder, efetivamente, estabelecer que tipo de lei vamos aplicar neste caso”, acrescentou Aleuy.
A legislação chilena permite, nesses casos, aplicar uma severa lei antiterrorista, que triplica as penas em relação à norma ordinária, aplicada em outras situações para crimes cometidos por indígenas mapuches. Há dez dias, outros 18 caminhões foram queimados na cidade de Temuco (800 quilômetros ao sul de Santiago), em um ataque atribuído ao grupo radical “Weichan Auka Mapu”, que apoia a demanda mapuche.
Na segunda-feira passada, a Justiça chilena iniciou um julgamento oral contra 11 indígenas mapuche, acusados de planejar e de executar um atentado incendiário. O episódio causou a morte de duas pessoas no sul do Chile, em 2013. Por esse caso, o líder mapuche Celestino Córdova foi condenado a 18 anos de prisão em 2014, acusado de provocar um incêndio que deixou um morto.
Os mapuche são a etnia mais numerosa do país com cerca de 700.000 membros, de uma população total do Chile de 17,5 milhões. Com índices de pobreza superiores à média nacional, os mapuches exigem direitos ancestrais de posse de terras, hoje em mãos privadas.
(com AFP)