O chefe do exército de Israel, tenente-general Herzi Halevi, afirmou nesta quarta-feira, 25, que seus militares estão se preparando para uma possível invasão terrestre do Líbano. O anúncio ocorre em meio a trocas de disparos dos dois lados da fronteira entre os países e tensões mais elevadas do que nunca, especialmente após uma onda de explosões de pagers e walkie-talkies usados pela milícia libanesa Hezbollah, aliada do grupo terrorista palestino Hamas e financiada pelo Irã, que seus líderes atribuíram a Tel Aviv.
“Vocês ouvem os jatos acima; estamos atacando o dia todo”, disse Halevi, chefe do Estado-Maior, a soldados enquanto visitava a fronteira norte do país, de acordo com um comunicado de imprensa militar. “Isso é para preparar o terreno para sua possível entrada e para continuar degradando o Hezbollah.”
“Suas botas em território inimigo”
Halevi acrescentou que, para permitir que 60 mil israelenses deslocados pelo conflito com o Hezbollah retornem a suas casas no norte, “estamos preparando o processo de uma manobra”.
“Isso significa que suas botas militares, suas botas de manobra, entrarão em território inimigo, entrarão em vilas onde o Hezbollah implantou grandes postos militares, com infraestrutura subterrânea, pontos de parada e plataformas de lançamento. E eles realizarão ataques a civis israelenses”, disse ele.
“Sua entrada nessas áreas com força, seu encontro com agentes do Hezbollah, mostrará a eles o que significa enfrentar uma força profissional, altamente qualificada e experiente em batalha. Vocês estão chegando muito mais fortes e muito mais experientes do que eles. Vocês entrarão, destruirão o inimigo lá e destruirão decisivamente sua infraestrutura. Essas são as coisas que nos permitirão devolver com segurança os moradores do norte depois”, concluiu.
Escalada retórica e prática
É a segunda vez nesta quarta-feira que um importante general israelense diz que uma operação terrestre pode ser iminente. O principal general da região norte do país, Ori Gordin, disse que os militares “devem estar totalmente preparados para manobras”.
O anúncio vem poucas horas depois que as Forças de Defesa de Israel (FDI) informaram que vão acionar duas brigadas de reservistas do exército por causa do conflito com o Hezbollah.
Este é o pior conflito entre Israel e o Hezbollah desde uma sangrenta guerra de três meses em 2006. Na semana passada, os Estados Unidos alertaram as nações do Oriente Médio contra a escalada, dizendo que a prioridade de Washington é encontrar uma solução diplomática para a situação, e enviaram tropas americanas adicionais à região.
“Continuaremos a defender o direito de Israel de autodefesa, mas não queremos ver nenhuma parte intensificar esse conflito, ponto-final”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em entrevista coletiva.