Michelle Bachelet, a alta comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, disse nesta segunda-feira, 13, estar preocupada com as eleições presidenciais do Brasil, que ocorrerão em outubro deste ano.
No discurso de abertura do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, na Suíça, Bachelet pediu garantias de que o processo eleitoral seja “justo e transparente” e de que “não haja interferências de nenhuma parte para que o processo democrático seja alcançado”.
“Peço às autoridades que garantam o respeito aos direitos fundamentais e instituições independentes”, disse Bachelet.
Na sessão, ela chamou ainda a atenção ainda para ataques a legisladores e candidatos às eleições do Brasil, particularmente negros, mulheres e pessoas LGBTQ, caracterizando-os como ameaças ao processo eleitoral. A Alta Comissária também destacou “casos recentes de violência policial e racismo estrutural” no Brasil como perigos à democracia.
Sem mencionar o desparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Pereira no Vale do Javari, no Amazonas, Bachelet frisou que está preocupada com ameaças crescentes a ambientalistas e indígenas no Brasil.
“No Brasil, estou alarmada por ameaças contra defensores dos direitos humanos e ambientais e ameaças contra indígenas, incluindo a contaminação pela exposição ao minério ilegal de ouro”, declarou Bachelet.
Na semana passada, o Alto Comissariado de Direitos Humanos criticou a resposta do governo brasileiro ao desaparecimento do jornalista e do indigenista. A porta-voz da agência afirmou que as autoridades brasileiras foram “extremamente lentas” para começar a procura por Phillips e Pereira, que sumiram quando iam de barco para a cidade de Atalaia do Norte.
Na sessão desta segunda-feira, 13, Bachelet, que já foi presidente do Chile, anunciou ainda que não concorrerá à reeleição ao cargo de chefia dos Direitos Humanos das Nações Unidas, que ocupa há quatro anos.
O anúncio-surpresa ocorre logo após ela ter feito uma viagem à China no mês passado, pela qual foi criticada por grupos de direitos humanos e por alguns governos ocidentais, incluindo os Estados Unidos, que disseram que as condições impostas pelas autoridades chinesas à visita não permitiram uma avaliação completa e independente do ambiente de direitos.
Muitos diplomatas esperavam que Bachelet continuasse no cargo após o término de seu mandato no final deste ano. Ela não ofereceu um motivo para a decisão.