O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, desembarcou nesta terça-feira, 5, em Washington com as missões de tratar da aproximação Brasil-Estados Unidos e, especialmente, de preparar a visita do presidente Jair Bolsonaro ao americano Donald Trump. Em entrevista, Araújo antecipou que a reunião será em meados de março, mas não anunciou a data da viagem, que depende da recuperação do brasileiro, submetido a cirurgia no último dia 28.
Bolsonaro recebeu o convite oficial de Trump para visitar os Estados Unidos no dia seguinte ao de sua posse. A mensagem foi entregue pelo secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que havia antecipadamente tratado do tema com Araújo no Itamaraty.
A visita de Bolsonaro a Trump deverá imprimir o grau de aproximação a ser adotado pelas duas maiores economias das Américas,agora governada por líderes da extrema-direita. Por suas declarações, o presidente brasileiro e seu chanceler indicaram a disposição de alinhar a política externa do Brasil à dos Estados Unidos. A principal reação a essa tendência veio do núcleo militar do governo, que espera manter a tradição do Itamaraty avessa a alinhamentos automáticos e conter os impulsos do presidente.
Pouco depois de seu encontro com Pompeo, Bolsonaro declarou que o Brasil e os Estados Unidos haviam deixado de ser “inimigos”. A rigor, por mais divergências que pudessem haver no passado, os dois países nunca chegaram a essa condição. “Tem havido uma longa tradição no Brasil de eleger presidentes que por alguma razão eram inimigos” dos Estados Unidos”, afirmara, referindo-se aos governos do PT.
No seu primeiro desafio de política externa, a crise política da Venezuela, o novo governo brasileiro mostrou-se suscetível à visão de Washington. O reconhecimento do oposicionista Juan Guaidó como presidente interino do país vizinho e a declaração de que o atual mandato de Nicolás Maduro era ilegítimo. Parte dessas iniciativas foi criticada pelo setor militar do próprio governo de Bolsonaro.
Até o momento, a promessa de mudança da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém – medida que os Estados Unidos tomou em maio de 2018 e que estimula Bolsonaro a seguir – está adormecida. Nesse ponto, pesam novamente as visões contrárias dos militares e também a decisão da Arábia Saudita de suspender as importações de carnes de aves do Brasil.
(Com EFE)