O Catar criticou nesta terça-feira as reivindicações apresentadas pelos países vizinhos para acabar com a crise diplomática na região. O ministro catariano das Relações Exteriores, Mohamed ben Abdulrahman Al-Thani, declarou em entrevista coletiva que a demanda é “irrealista e inaplicável”. “Não se trata de terrorismo. Estamos falando, simplesmente, de acabar com a liberdade de expressão”, afirmou.
Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Egito elaboraram uma lista com suas exigências para uma mudança de política no Catar, acusado de apoiar o extremismo. Entre as reivindicações dos vizinhos, estão o fechamento da emissora de TV Al Jazeera, o fim de uma base militar turca e a redução das relações com o Irã.
Na segunda-feira, o governo do Catar entregou uma resposta oficial ao Kuwait, que atua como mediador na crise. O conteúdo da resposta ainda não foi revelado, mas o país já havia rejeitado de modo implícito a lista de exigências por considerá-las uma tentativa de minar a soberania do país. Ao falar com a imprensa nesta terça, o ministro não entrou em detalhes, mas assegurou que busca uma solução para a crise por meio do diálogo. “O Estado do Catar adotou uma atitude muito construtiva desde o início da crise. Estamos tentando atuar de maneira adulta”, ressaltou Al-Thani.
Para o ministro das Relações Exteriores dos Emirados Árabes, Anwar Gargash, o Catar deve escolher “entre preservar (as relações com os vizinhos), ou se divorciar”. “Estamos diante de uma mudança histórica que não tem nada a ver com o tema da soberania”, escreveu em sua conta no Twitter.
Os quatro países árabes romperam relações com o Catar em 5 de junho passado e adotam uma série de sanções econômicas, incluindo o fechamento do espaço aéreo. O governo dos Emirados considerou, porém, que é “prematuro” falar sobre medidas adicionais contra o Catar. Os vizinhos acusam Doha de “apoiar o terrorismo” e de uma aproximação com o Irã. Os catarianos rejeitam essas acusações.
Os países adversários se reúnem no Egito, nesta quarta-feira, para um pronunciamento sobre a resposta do governo de Doha. Arábia Saudita, Bahrein e Emirados pediram aos cidadãos do Catar que abandonassem seus territórios, e Riad fechou a única fronteira terrestre do Catar. As sanções obrigaram o país a recorrer a Irã e Turquia para suprir as necessidades de alimentos importados por via aérea, ou marítima.
Gás natural
Apesar das restrições, o presidente da Qatar Petroleum (QP), Saad al-Kaabi, anunciou a intenção do país, principal exportador mundial de gás natural liquefeito (GNL) de produzir 100 milhões de toneladas de gás natural por ano até 2024. “Este novo projeto vai reforçar a posição do Catar”, afirmou Al-Kaabi, antes de acrescentar que o país “continuará por muito tempo o líder mundial do GNL”.
A atual produção de gás do país alcança 77 milhões de toneladas por ano. Com o aumento anunciado, chegará ao equivalente a 6 milhões de barris de petróleo por dia, explicou Al-Kaabi. De acordo com ele, o aumento da produção acontecerá por meio de uma associação com empresas estrangeiras. Se a Arábia Saudita e seus aliados impedirem a associação, o Catar trabalhará sozinho no aumento da produção, garantiu o presidente da QP.