Os partidos que defendem a separação da Catalunha do restante da Espanha fracassaram na tentativa de apresentar uma candidatura conjunta nas eleições agendadas para o dia 21 de dezembro. O pleito foi convocado em decorrência da aplicação do artigo 155, ativado pelo governo de Mariano Rajoy após a declaração unilateral de independência da região.
“Tentamos elaborar uma coalizão incluindo todas as forças separatistas porque acreditamos que essa seria uma resposta vigorosa diante dos desafios impostos pelo Estado”, comunicou por email Sergia Sabria, porta-voz do partido de esquerda da Catalunha (ERC), uma das siglas que mais apoia a independência. “Dada a impossibilidade de formarmos uma lista unificada de fato, vamos buscar a criação de uma frente unida a partir de várias candidaturas”.
Os partidos catalães tinham até terça-feira para apresentar a lista de coalizações para o pleito de dezembro. O ex-presidente regional Carles Puigdemont, que está em liberdade condicional em Bruxelas enquanto aguarda a audiência de extradição para a Espanha, pediu aos partidos independentistas que disputassem as eleições como um único grupo. “O que o Estado espanhol está fazendo é uma regressão tão besta em direitos e liberdades que se não a combatermos juntos, o Estado pode ganhar”, afirmou o ex-líder catalão em entrevista concedida na capital belga à rádio pública catalã nesta terça-feira.
De acordo com pesquisa realizada pelo jornal La Vanguardia, o ERC detém pouco mais de 29% de intenção de votos, enquanto o PDeCat, partido de Puigdemont, aparece apenas em quarto lugar no levantamento, com 10,4%. Junto, as siglas, que disputaram as eleições de setembro de 2015 sob a bandeira Junts pel Sí (Juntos pelo Sim), conquistariam entre 59 e 61 cadeiras no Parlamento catalão, número abaixo dos 68 necessários para uma maioria no Legislativo. O CUP, partido anti-capitalismo que também defende a independência da Catalunha, teria entre sete e oito deputados no governo, segundo a pesquisa.
Protestos
Manifestantes saíram às ruas na Catalunha em chamado a uma greve geral convocada para esta quarta-feira por um sindicato independentista e apoiado por organizações separatistas. Diversas rodovias da região e grandes avenidas de Barcelona foram paralisadas por protestos, e as universidades fecharam as suas portas. Segundo o jornal El Pais, a adesão à greve foi baixa, e setores da indústria e do governo local não foram afetados. Atrasos foram registrados no sistema ferroviário devido à presença de manifestantes nos trilhos, mas o setor de transportes não participou da paralisação.
Em Barcelona, milhares de pessoas se reuniram na Praça de Sant Jaume para pedir a liberdade dos oficiais catalães presos em Madri e o fim da aplicação do artigo 155. “Puigdemont é o nosso presidente”, “liberdade” e “independência” foram algumas das palavras de ordem vistas no local, informa o La Vanguardia.