Uma entrevista concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal italiano Corriere della Sera, publicada nesta quarta-feira, 21, mostra que, por mais que o tempo tenha passado, o caso Cesare Battisti ainda pesa sobre o governo do petista.
Logo na segunda pergunta, Lula é questionado pelo fato de que a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o criticou por não ter extraditado o cidadão italiano. Tentando se esquivar, o presidente brasileiro não toca no assunto, e se limita aos dados de que o Brasil é “o segundo país com mais italianos e descendentes do mundo, atrás apenas da própria Itália”.
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“Eu tenho uma relação excelente com o movimento sindical daqui, com os intelectuais, as empresas. E certamente teremos uma relação muito produtiva com as autoridades italianas, porque a relação econômica entre os dois países está aquém do seu potencial e precisamos trabalhar muito para ter uma relação bilateral à altura do tamanho das nossas economias”, continua o presidente.
O tema espinhoso, no entanto, pode ser motivo para mal estar. Meloni, com quem o petista se encontrou nesta quarta-feira, coleciona uma série de críticas ao presidente brasileiro, especialmente em relação ao caso do terrorista Battisti, condenado por quatro homicídios ocorridos no fim dos anos 1970, na Itália. Ele passou quase 40 anos como fugitivo da Justiça italiana, 14 deles no Brasil.
Lula, no último dia de seu segundo mandato, em 2010, concedeu refúgio político ao fugitivo italiano. A decisão criou atritos com Itália, que pedia a extradição de Battisti.
Quando o petista foi recebido na Itália pelo então premiê, Matteo Renzi, à época líder do Partido Democrático (PD), que agora faz oposição contra Meloni, em 2015, ela usou as redes sociais para relembrar o caso.
“Mais um capítulo da série ‘Renzi, o anti-italiano’. Hoje o premiê recebeu para almoçar o ex-presidente Lula, conhecido dos italianos por ter negado a extradição do criminoso Cesare Battisti. Diante daqueles que pedem justiça há décadas”, afirmou à época.