A Casa Branca retirou nesta quarta-feira 7 a credencial permanente de Jim Acosta, jornalista da emissora CNN, que horas antes havia sido chamado de “pessoa horrível” por Donald Trump durante uma tensa entrevista coletiva.
“Como resultado do incidente de hoje, a Casa Branca suspende a credencial permanente do jornalista envolvido até novo aviso”, disse em comunicado a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.
A credencial de Acosta, correspondente na Casa Branca, foi retirada em sua saída do edifício presidencial por um agente do Serviço Secreto americano, segundo um vídeo do momento compartilhado pelo próprio jornalista no Twitter.
A credencial permanente permite a um grupo seleto de jornalistas entrar e sair livremente da Casa Branca e cobrir o dia a dia do presidente.
O incidente envolvendo Acosta e o presidente ocorreu horas antes, durante uma entrevista coletiva na qual Trump avaliou os resultados das eleições de meio de mandato realizadas na terça-feira.
O jornalista da CNN se enredou em uma tensa discussão com Trump que, depois de responder a várias das suas perguntas, lhe retirou a palavra.
“Largue o microfone… Te direi uma coisa, a CNN deveria estar envergonhada de si mesma por ter você trabalhando para eles. É um mal-educado, uma pessoa terrível”, disse Trump enquanto Acosta disputava o microfone com uma estagiária da Casa Branca.
Segundo a própria Casa Branca, a decisão de retirar a credencial do jornalista foi motivada pela forma como ele tratou a estagiária. “Trump acredita na liberdade de imprensa e espera perguntas difíceis sobre ele e seu governo. No entanto, nunca toleraremos que um jornalista ponha suas mãos sobre uma jovem mulher que só está tentando fazer seu trabalho como estagiária da Casa Branca. Este comportamento é inaceitável”, declarou Sanders em comunicado.
“Que a CNN esteja orgulhosa da forma como seu empregado tem se comportado não é só asqueroso, mas é um exemplo do seu degradante desprezo por todos, incluindo as mulheres jovens, que trabalham neste governo”, acrescentou.
Mais atritos
Antes da pergunta seguinte, o jornalista da NBC Peter Alexander defendeu Acosta dizendo que era um “repórter diligente”, e que isso despertou a ira de Trump.
“Tampouco sou seu fã. Para ser honesto, você não é o melhor”, disse o presidente a Alexander. Trump voltou a se dirigir a Acosta. “Quando você informa notícias falsas, o que a CNN faz muito, você é inimigo do povo”, afirmou.
Durante a coletiva, Trump também silenciou outra jornalista da CNN, April Ryan, quando ela tentava lhe fazer uma pergunta sem microfone.
Em um comunicado, a CNN considerou que “os ataques deste presidente à imprensa foram longe demais”. “Não são apenas perigosos, são preocupantemente antiamericanos”, afirmou a emissora, que expressou seu apoio a Acosta e a “jornalistas de todos os lados”.
Após os embates com os representantes de emissoras de televisão, o presidente acusou uma jornalista negra de ser “racista” por ter sido interrogado sobre sua retórica “nacionalista” que estimulou supremacistas brancos.
“Tenho uma cobertura (da mídia) muito incorreta”, disse Trump. “Eu poderia fazer algo fantástico, e eles (os jornalistas) fariam algo ruim”, queixou-se. Ao fim da coletiva de quase uma hora e meia, o presidente afirmou ainda que esperava que “o tom possa melhorar (com a imprensa), mas isso começa com a mídia”.
Em comunicado, a Associação de Correspondentes da Casa Branca (WHCA, em inglês) considerou como “inaceitável” e “fora de lugar” a suspensão da credencial de Acosta e pediu que esta seja devolvida.
“A WHCA se opõe energicamente à decisão do governo Trump de utilizar as credenciais de segurança do Serviço Secreto como ferramenta de castigo a um jornalista com o qual tem uma difícil relação”, declarou.
“Instamos a Casa Branca a reverter imediatamente esta ação frágil e equivocada”, acrescentou.
Ataques à imprensa
Donald Trump é acusado constantemente de adotar um tom agressivo e ameaçador contra a mídia crítica a seu governo e de incentivar ataques de seus apoiadores aos meios de comunicação.
Meios de comunicação e jornalistas têm sido tratados por Trump como “desonestos”, “falidos”, “fracassados”, “baixos” e “mentirosos” sempre e quando alguma denúncia ou notícia lhe é desfavorável.
(Com EFE e AFP)