Uma unidade militar ucraniana disse ter expulsado uma brigada de infantaria russa de um território perto da cidade de Bakhmut, atualmente um dos palcos mais violentos da guerra. Os militares confirmaram um relato do chefe do grupo mercenário russo Wagner de que as forças da Rússia haviam fugido da cidade.
O chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, acusou as Forças Armadas de Moscou de não apoiarem adequadamente seu grupo privado, que liderou a luta em Bakhmut. “Nosso Exército está fugindo. A 72ª Brigada destruiu três quilômetros quadrados esta manhã, onde perdi cerca de 500 homens”, disse Prigozhin.
Em um comunicado, a Terceira Brigada de Assalto Separada da Ucrânia confirmou a fala de Prigozhin.
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“É oficial. O relato de Prigozhin sobre a fuga da 72ª Brigada Independente de Fuzileiros Motorizados da Rússia de perto de Bakhmut e os ‘500 cadáveres’ de russos deixados para trás é verdadeiro”, disse a brigada.
No início da quarta-feira, a unidade, formada pelo nacionalista Batalhão Azov da Ucrânia, repostou um vídeo de um dos fundadores do Azov, Andriy Biletsky, falando que suas tropas “derrotaram” a brigada russa.
“Na verdade, os 6º e 7º esquadrões desta brigada foram quase totalmente destruídos, a inteligência da brigada foi destruída, um grande número de veículos de combate foi destruído, um número considerável de prisioneiros foi feito”, disse Biletsky. “Esse território está completamente liberado das forças de ocupação russas.”
O Estado-Maior da Ucrânia apenas relatou que a Rússia “conduziu uma ofensiva malsucedida na cidade de Bakhmut”. Moscou não comentou os relatórios de nenhum dos lados de que sua brigada havia abandonado suas posições na periferia sudoeste de Bakhmut.
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Bakhmut é uma cidade do leste da Ucrânia e tem sido o alvo principal da enorme ofensiva de inverno de Moscou e palco do combate terrestre mais sangrento da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Entre as muitas vítimas do conflito está o jornalista francês da agência internacional de notícias Agence France-Presse (AFP) Arman Soldin.
Soldin, de 32 anos, era coordenador de vídeo da AFP na Ucrânia e foi morto em um ataque com foguete nos arredores da cidade de Chasiv Yar, perto de Bakhmut.
No início deste mês, Soldin manteve sua câmera de vídeo rodando enquanto ele e sua equipe de jornalistas foram atacados por foguetes perto da linha de frente.
“Ser pego pela chuva de mísseis ontem com um bando de escavadores de trincheiras é provavelmente uma das piores coisas que experimentei desde que estive na Ucrânia, com foguetes explodindo a menos de 50 metros de distância”, escreveu ele. “Puro terror.”
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Após a notícia de sua morte, houve uma onda de pesar e condolências de seus amigos e colegas. Colegas que trabalharam com Soldin na Ucrânia o descreveram como um “jornalista corajoso e tenaz” e “cheio de entusiasmo pela vida”. O presidente francês, Emmanuel Macron, também lamentou a morte de Soldin nas redes sociais.
“Com coragem, desde as primeiras horas do conflito ele esteve na frente para apurar os fatos. Para nos informar. Compartilhamos a dor de seus entes queridos e de todos os seus colegas”, escreveu Macron.