O governo brasileiro decidiu não assinar nesta quinta-feira, 30, a declaração final da Cúpula da Democracia, evento promovido pelo governo dos Estados Unidos, em conjunto com Costa Rica, Coreia do Sul, Holanda e Zâmbia. O texto apresenta uma série de críticas à invasão da Rússia à Ucrânia, iniciada em fevereiro do ano passado.
Para diplomatas brasileiros, o tema deveria ser tratado na Assembleia Geral das Nações Unidas, ou no próprio Conselho de Segurança da ONU.
“Exigimos que a Rússia retire imediatamente, completamente e incondicionalmente todas as suas tropas do território da Ucrânia e pedimos o fim das hostilidades”, diz a declaração. “Lamentamos as terríveis consequências humanitárias e de direitos humanos da agressão da Rússia contra a Ucrânia, incluindo os ataques contínuos contra infraestruturas críticas em toda a Ucrânia com consequências devastadoras para os civis”.
Ao todo, 76 países assinaram o documento, embora 16 deles tenham apontado discordâncias.
A cúpula, na prática um fórum online com discursos de lideranças globais, começou na terça-feira e terminou nesta quinta-feira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia anunciado que não participaria, apenas com um vídeo gravado, já que estaria na China. A viagem ao gigante asiático, no entanto, foi cancelada na semana passada por um diagnóstico de pneumonia.
A decisão brasileira de não assinar o documento segue divergências recentes no cenário internacional. Embora tenha condenado na ONU a invasão russa à Ucrânia, o Brasil sempre se colocou contra medidas unilaterais e escolheu manter uma posição de relativa neutralidade, evitando sanções contra o presidente russo, Vladimir Putin, por motivos econômicos. A agricultura brasileira é altamente dependente dos fertilizantes de Moscou – de 2018 a 2022, vendeu em média 22% do produto consumido pelos brasileiros –, e a Rússia é um grande exportador de produtos como o diesel para o país.