Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Brasil cobra mais ação do Brics sobre crise na Venezuela

Ao contrário do governo brasileiro, Rússia, Índia, China e África do Sul não reconhecem Juan Guaidó como presidente interino

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 6 nov 2019, 11h35 - Publicado em 6 nov 2019, 11h22
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O embaixador Norberto Moretti, principal negociador do Brasil no Brics, afirmou na terça-feira 5 que os demais países do bloco (Rússia, Índia, China e África do Sul) devem dar mais atenção à posição do governo brasileiro sobre a crise venezuelana. As declarações foram dadas a uma semana da cúpula do Brics, que será realizada em Brasília, nos dias 13 e 14.

    Moretti disse que o Itamaraty ainda tenta incluir no encontro diálogos sobre a crise venezuelana. Todos os chefes de Estado – o chinês Xi Jinping, o russo Vladimir Putin, o sul-africano Cyril Ramaphosa e o indiano Narendra Modi – confirmaram presença e também participarão de reuniões bilaterais com o presidente Jair Bolsonaro.

    “O Brasil ouve com grande atenção, consideração e deferência a opinião de nossos parceiros sobre suas respectivas situações regionais e espera a mesma atitude dos demais. Com todo respeito à posição de qualquer país e à compreensão do que acontece na Venezuela, somos vizinhos, enfrentamos as consequências práticas do que acontece na Venezuela,” disse Moretti.

    “Acreditamos que a avaliação que o Brasil faz da situação deve ser ouvida com grande atenção por parte dos demais membros do Brics.”

    A crise venezuelana divide o bloco. O Brasil tem uma posição divergente dos demais membros. Enquanto Bolsonaro reconhece o opositor Juan Guaidó como presidente interino e faz oposição ao regime chavista, China, Rússia, Índia e África do Sul veem como legítima a eleição do presidente Nicolás Maduro.

    Continua após a publicidade

    A China é uma das principais fontes de receita do governo chavista e já teria investido cerca de 60 bilhões de dólares, desde os anos 2000, em empréstimos vinculados a contratos de compra petróleo, financiamentos e parcerias. Os chineses são os maiores importadores de petróleo do mundo e a Venezuela, embora tenha uma produção combalida, é um fornecedor do produto.

    A Rússia também funciona como tábua de salvação do chavismo. Desde 2010, a Rosneft, estatal russa do petróleo, já colocou 9 bilhões de dólares na Venezuela. No último encontro com Maduro, Putin prometeu investir mais 16,6 bilhões de dólares até o fim do ano. Como o governo venezuelano é alvo de sanções americanas – que restringem o acesso do país ao sistema financeiro global – aviões carregados de dólares costumam fazer o trajeto Moscou-Caracas.

    Segundo a Bloomberg, citando documentos da firma ImportGenius, entre maio de 2018 e abril de 2019, 315 milhões de dólares em notas de dólares e euros foram enviados em seis remessas da Rússia para a Venezuela.

    Continua após a publicidade

    Os projetos russos, porém, vão além do financiamento da burocracia venezuelana e afetam também um setor estratégico: o militar. O chavismo transformou-se em um dos melhores clientes do Kremlin, comprando desde caças Sukhoi até um sofisticado e caro sistema de defesa antiaérea.

    Os outros dois países do Brics também têm interesses na Venezuela. A Índia é uma das nações que mais consomem petróleo no mundo e precisa manter uma fonte diversificada de importadores. Em março, o país tornou-se o maior comprador de petróleo venezuelano. Houve uma interrupção na compra, retomada em outubro. Os indianos pagam em dinheiro, diferentemente de China e Rússia, que abatem das dívidas.

    No caso da África do Sul, a relação é ideológica. Durante a Guerra Fria, vários movimentos de resistência africana foram apoiados por regimes socialistas. Os ex-presidentes Nelson Mandela e Thabo Mbeki sempre foram gratos aos que defenderam a causa. Hugo Chávez soube expandir a ação, distribuindo petróleo na África em troca de apoio diplomático.

    Continua após a publicidade

    Uma das prioridades da política externa bolsonarista, a saída de Maduro do poder, portanto, se choca com os interesses do grupo. “O Brasil tem buscado manter um diálogo permanente, respeitoso e sereno com os demais membros do Brics e outros países da comunidade internacional sobre Venezuela. É perfeitamente possível que haja conversa paralela sobre a Venezuela”, disse Moretti.

    Ao longo do ano, diplomatas dos cinco membros do Brics já tentaram chegar a um acordo sobre a crise venezuelana, sem sucesso. Nos bastidores, estudiosos esperam que a Declaração de Brasília, documento conjunto assinado pelos líderes do bloco após a cúpula, contenha, no máximo, uma manifestação genérica sobre o caso venezuelano.

    “Certamente, a declaração cobrirá temas políticos e econômicos, alguns deles difíceis, delicados”, disse Moretti. “Em nenhum foro, agrupamento, conselho ou colegiado, nacional ou internacional, há necessariamente coincidência de pontos de vista. É um fato corriqueiro.”

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.