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Boris Johnson: Putin ameaçou atingir Reino Unido com míssil em telefonema

O ex-primeiro-ministro britânico disse que a ameaça ocorreu antes do início da guerra: 'Levaria um minuto', teria dito o líder russo

Por Da Redação
30 jan 2023, 09h20
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  • O ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que poderia atingir o país com um míssil “dentro de um minuto”, em um telefonema pouco antes da invasão da Ucrânia.

    A denúncia de Johnson faz parte de um documentário de três partes da emissora britânica BBC, “Putin versus o Ocidente”, que analisa o conflito na Ucrânia e os preparativos para a invasão da Rússia em 24 de fevereiro do ano passado. O programa vai ao ar na BBC Two nesta segunda-feira, às 21h (18h do horário de Brasília).

    Putin teria feito a ameaça durante uma conversa entre os dois líderes, em que o então premiê do Reino Unido tentava dissuadir o colega russo de iniciar uma invasão. No telefonema, Johnson teria falado sobre o apoio hipotético à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar ocidental que o Kremlin pinta como inimigo número 1, nas fronteiras da Rússia caso Putin decidisse entrar em guerra com a Ucrânia.

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    O britânico disse, contudo, que não considerava os comentários de Putin uma ameaça.

    “Ele meio que me ameaçou em um ponto e disse: ‘Boris, eu não quero te machucar, mas com um míssil, levaria apenas um minuto’, ou algo assim”, afirmou. “Mas acho que pelo tom muito relaxado que ele estava adotando, o tipo de ar de distanciamento que parecia ter, ele estava apenas brincando com minhas tentativas de convencê-lo a negociar.”

    Na conversa, Johnson alertou que o Ocidente faria sanções mais duras contra a Rússia, se seu exército invadisse a Ucrânia, e que o apoio à Otan aumentaria – mesmo que Kiev não estivesse perto de se tornar um membro.

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    “Ele disse: ‘Boris, você diz que a Ucrânia não vai aderir à Otan tão cedo… O que acontecerá tão cedo?’ Você sabe disso perfeitamente bem’”, disse Johnson sobre a ligação com Putin.

    O ex-premiê se tornou um dos maiores apoiadores do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e visita Kiev desde que renunciou ao cargo em julho do ano passado.

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    Respondendo à alegação, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse a repórteres que Johnson não disse a verdade, ou “mais precisamente, contou uma mentira”.

    “Não houve ameaças de mísseis. Ou é uma mentira deliberada – então você tem que perguntar ao Sr. Johnson por que ele escolheu colocar dessa forma – ou foi uma mentira inconsciente e ele de fato não entendeu o que Putin estava falando com ele”, afirmou Peskov.

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    O porta-voz alegou que Putin explicou a Johnson que, se a Ucrânia se juntasse à Otan, mísseis dos Estados Unidos ou da aliança militar perto das fronteiras da Rússia poderiam atingir Moscou em questão de minutos, e sugeriu que pode ter havido um mal-entendido.

    “Se é assim que esta passagem foi entendida, então é uma situação muito embaraçosa”, disse Peskov.

    Ben Wallace, o secretário de Defesa britânico, também falou no documentário sobre uma visita a Moscou em fevereiro, que foi uma tentativa malsucedida de negociar e evitar a guerra. Ele conheceu seu homólogo russo, Sergei Shoigu, bem como o chefe do estado-maior, Valery Gerasimov.

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    “Lembro-me de dizer ao ministro Shoigu: ‘Eles vão lutar’. Ele respondeu: ‘Minha mãe é ucraniana; eles não vão!'”, disse Wallace. “Ele disse que não tinha intenção de invadir [a Ucrânia]”.

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    Segundo Wallace afirma no documentário da BBC, a situação se traduz como “vran’e” na língua russa: “É uma espécie de demonstração de intimidação ou força: ‘vou mentir para você’. Você sabe que estou mentindo. Eu sei que você sabe que estou mentindo e ainda vou mentir para você. Ele sabia que eu sabia e eu sabia que ele sabia. Mas acho que era sobre dizer: eu sou poderoso”, disse.

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    “Isso confirmou o que eles iriam fazer. Lembro que quando estávamos saindo, o general Gerasimov disse: ‘Nunca mais seremos humilhados. Costumávamos ser o quarto exército do mundo, agora somos o número dois. Agora são os Estados Unidos e nós'”, contou Wallace.

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