Forças israelenses bombardearam durante a noite de quinta para sexta-feira, 4, a fronteira entre Líbano e Síria, bloqueando o principal ponto de conexão entre os países, a passagem de Masnaa, alertaram autoridades de Beirute.
“A estrada leva milhares de libaneses à passagem humanitária para a Síria e agora está bloqueada após um bombardeio israelense”, disse o ministro dos Transportes libanês, Ali Hamieh, ressaltando que dezenas de milhares de pessoas fugiram do conflito nas duas últimas semanas pela travessia.
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O Dama Post, um meio de comunicação pró-governo sírio, disse que aviões de guerra israelenses dispararam dois mísseis, danificando a estrada entre a passagem de fronteira de Masnaa, no Líbano, e o ponto de passagem sírio de Jdeidet Yabous.
A Segurança Geral Libanesa registrou 256.614 cidadãos sírios e 82.264 cidadãos libaneses cruzando para o território sírio entre 23 de setembro — quando Israel lançou um pesado bombardeio no sul e leste do Líbano — e 30 de setembro. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, 60% das pessoas que cruzaram o Líbano para a Síria eram crianças ou adolescentes, algumas das quais chegaram sozinhas.
A porta-voz do ACNUR, Rula Amin, ressaltou que a passagem tem sido a principal via entre os dois países, embora três outras passagens de fronteira permaneçam abertas. Amin disse que a maioria dos quase 900 abrigos coletivos estabelecidos pelo governo no Líbano estavam lotados, forçando muitas pessoas a dormir ao ar livre.
Na quinta-feira, forças israelenses também lançaram uma série de bombardeios nos arredores do aeroporto de Beirute, capital do Líbano. As explosões tiveram início às 00h no horário local (18h em Brasília). Segundo a agência, os ataques são ainda mais intensos dos que os relatados na sexta-feira passada, quando o líder da milícia libanesa Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi morto.
Dados do Ministério da Saúde do Líbano indicam que 37 pessoas morreram e 151 ficaram feridas por investidas israelenses nas últimas 24 horas. Estima-se que o número de vítimas no território libanês supere a marca de 1.900 pessoas. Nas últimas semanas, Israel lançou os ataques aéreos mais intensos contra o Líbano desde a guerra de 2006.
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A instabilidade na região foi agravada há cerca de duas semanas, após uma série de pagers, principal forma de comunicação da milícia libanesa, e walkie-talkies explodirem no Líbano, em ataque atribuído ao governo israelense. Foi o estopim de meses de trocas de disparos, desde o início da guerra em Gaza, em outubro do ano passado, quando a milícia libanesa iniciou ataques em solidariedade ao povo palestino.
Em meio à escalada da violência em Beirute, as Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram a morte de Zahi Yaser Abd al-Razeq Oufi, chefe do grupo palestino Hamas encarregado por Tulcarém, cidade na Cisjordânia. Na véspera, Hassan Ja’far al-Qasir, genro de Nasrallah, foi morto em Damasco, na Síria.