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Bolsonaro diz que pediu para encontro da ONU sobre clima não ser no Brasil

Presidente eleito acusou grupo de negociar tema que pode prejudicar a soberania do país na Amazônia e voltou a falar em rompimento com o Acordo de Paris

Por Da Redação
Atualizado em 28 nov 2018, 19h09 - Publicado em 28 nov 2018, 18h05
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  • O presidente eleito, Jair Bolsonaro, admitiu nesta quarta-feira, 28, a responsabilidade pela desistência do Brasil em sediar a COP 25, a edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas agendada para novembro de 2019. Alegou divergência em uma questão supostamente relativa à soberania da Amazônia brasileira e disse não querer romper com o Acordo de Paris em um evento organizado no próprio Brasil.

    Em outubro passado, o Itamaraty havia anunciado a escolha do Brasil como sede do evento como a confirmação do “papel de liderança mundial do país em temas de desenvolvimento sustentável”. O futuro governante, entretanto, já havia anteriormente se manifestado em favor da retirada do país do Acordo de Paris e das negociações subsequentes da COP.

    Bolsonaro atribui à COP a discussão de um projeto que não está em sua pauta e que nunca foi discutido neste fórum. Trata-se da criação do Corredor Ecológico Andes, Amazônia, Atlântico – também conhecido como Triplo A ou apenas AAA – em parcelas dos territórios do Brasil e de outros sete países sul-americanos.

    “Houve participação minha nesta decisão. Eu recomendei ao nosso futuro ministro (das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo) para que se evitasse a realização desse evento aqui no Brasil”, afirmou na sede do governo de transição, em Brasília.

    “Até porque, eu peço que vocês nos ajudem, está em jogo o Triplo A nesse acordo. É uma faixa que pega os Andes, a Amazônia e o Atlântico, de 136 milhões de hectares, ao logo das calhas do Solimões e do Amazonas que poderá fazer com que percamos a nossa soberania nessa área”, completou Bolsonaro.

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    A proposta original de criação desse corredor, para a proteção de 309 áreas protegidas e 1.199 terras indígenas, é da Fundação Gaia Amazonas, com sede em Bogotá, na Colômbia. Várias organizações não-governamentais ambientalistas apoiam a ideia e gostariam de vê-la tratada por um foro internacional.

    A COP, entretanto, não tem a pretensão de tratar de questões que firam a soberania de qualquer dos países das Nações Unidas. Seu objetivo é alcançar acordos em torno de compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa para impedir que a temperatura do planeta suba mais do que dois graus Celsius até o final do século.

    Bolsonaro, entretanto, não parece ter sido informado desse fato. “Eu não quero anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil”, acrescentou, referindo-se ao provável rompimento com o Acordo de Paris, celebrado na COP 21, em dezembro de 2015.

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    Bolsonaro ainda reclamou dos custos “bastante exagerados, tendo em vista o déficit que nós já temos no momento”, de um evento como a COP 25. Também rechaçou os estudos que apontam a expansão do desmatamento, especialmente na região da Amazônia, dizendo ser o Brasil o país que “mais preserva o meio ambiente” do mundo.

    Ministro indefinido

    Bolsonaro frustrou os que esperavam o anúncio, nesta quarta-feira, do ministro de Meio Ambiente de seu governo, como ele prometera ontem. Os nomes do engenheiro agrônomo Xico Graziano, ex-integrante do PSDB, e do advogado Ricardo Salles, um dos criadores do Movimento Endireita Brasil (MEB), estão ainda em avaliação do círculo mais próximo do presidente eleito.

    A demora na indicação, segundo o próprio Bolsonaro, está “na escolha de um nome que faça uma política de verdade para o meio ambiente e que defenda os interesses nacionais”. Em seu arrazoado, o presidente eleito dissera que o agronegócio está “sufocado” por questões ambientais.

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