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Bolsonaro em Davos: ‘Esperamos mudança do governo na Venezuela’

Com a ausência de líderes de Estados Unidos, França e Reino Unido devido a crises domésticas, participação do presidente brasileiro ganhou destaque

Por Pietra Carvalho Atualizado em 21 jan 2019, 21h39 - Publicado em 21 jan 2019, 14h29
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  • O presidente Jair Bolsonaro afirmou, logo a chegar em Davos, na Suíça, que “espera a mudança do governo na Venezuela”. Bolsonaro disse que fora informado sobre o suposto motim de militares para derrubar o ditador Nicolás Maduro, ocorrido na madrugada desta segunda-feira, 21, mas ainda não tinha o detalhamento do episódio.

    O tema poderá ser mencionado pelo presidente brasileiro em seu discurso nesta terça-feira no Fórum Econômico Mundial (WEF). Bolsonaro terá dez minutos para passar uma mensagem atrativa para potenciais investidores estrangeiros no Brasil.

    O presidente desembarcou em Zurique, na Suíça, no fim da manhã desta segunda-feira, 21, e seguiu de carro com sua comitiva com cinco ministros a Davos, nos Alpes suíços. 

    Sua presença não tende a passar em branco entre os habituais manifestantes de Davos. No sábado 19, militantes de sindicatos e ativistas em prol dos direitos humanos protestaram em Lausanne e Berna contra a presença de Bolsonaro e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Reunindo cerca de 1.000 pessoas, muitas com cartazes ilustrados com as fotos dos dois líderes e o adjetivo “fascistas”, os manifestantes assinalaram que Bolsonaro e Netanyahu “não são bem-vindos”.

    Nos últimos dias, os principais jornais suíços destacaram a presença de Bolsonaro como uma das mais relevantes autoridades no Fórum Econômico Mundial deste ano, que será aberto nesta segunda-feira. Crises domésticas nos Estados Unidos, França e Reino Unido afastaram alguns dos principais líderes, que, de última hora, cancelaram sua viagem a Davos.

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    Como resultado, os holofotes foram voltados para o brasileiro, o mais novo líder da direita a chegar ao poder pela via democrática. O presidente promete fazer um discurso moderado para tentar desfazer sua imagem de “extremista” e atrair investidores para o Brasil.

    Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, garantiu que a mensagem de Bolsonaro seria sobre um “governo constitucional”. “O caminho, desde a proposta do plano de governo, é o estado de direito, rigorosamente dentro do que a Constituição prevê. Do governo que tem uma relação franca e transparente com o Congresso Nacional, que respeita a repartição de poderes”, disse.

    Mas, pelo tom da cobertura internacional, Bolsonaro terá um amplo trabalho para transformar sua imagem no exterior. Reportagem publicada no fim da semana passada pelo o jornal suíço Le Temps questiona se Bolsonaro estaria “no mesmo trilho de [Augusto] Pinochet”, o general que liderou um golpe de Estado no Chile, em 1973, e cuja ditadura de dezessete anos dizimou cruelmente seus opositores.

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    Diversas publicações chamam a atenção para o fato de a primeira viagem ocorrer sob a sombra das denúncias de movimentações financeiras escusas feitas por um dos filhos do presidente, o futuro senador Flavio Bolsonaro.

    Expectativas

    Em Davos, Sergio Moro, ministro da Justiça, é a figura mais esperada da comitiva de Bolsonaro. O juiz tem reforçado sua ideia de “moralização da globalização”. Há dois anos, quem chamava a atenção em Davos era o então procurador-geral da República Rodrigo Janot, outra autoridade relevante para as apurações de casos de corrupção.

    O Fórum deste ano receberá 3.500 convidados, entre os quais 70 chefes de Estado e de governo – seis da América Latina. Em termos proporcionais, a região tem a maior participação no evento deste ano.

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    Entre os investidores, o tom é diferente. Os organizadores de Davos apontam que empresários e atores do sistema financeiro internacional vão usar a viagem de Bolsonaro para obter detalhes do que serão suas reformas.

    O primeiro compromisso oficial do presidente está marcado para a tarde de terça-feira, 22: uma reunião privada com o professor Klaus Schwab, fundador do Fórum. Em entrevista à impressa brasileira, Schwab disse que Bolsonaro seria “muito bem recebido” e que existe muita curiosidade a respeito das propostas do novo governo.

    Até a manhã desta segunda-feira, a agenda bilateral de encontros do presidente, que é praxe em Davos, não foi divulgada. Na terça-feira, às 15h30, Bolsonaro fará a palestra inaugural do Fórum.

    (com Estadão Conteúdo) 

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