O presidente Jair Bolsonaro sinalizou nesta quinta-feira, 10, que seu governo tem trabalhado para impedir que a oposição kirchnerista vença as eleições presidenciais na Argentina, e alertou que o Brasil precisa avançar para não chegar em 2022 num cenário parecido com o que vive hoje o país vizinho. Segundo Bolsonaro, é preciso impedir que os argentinos retornem às mãos daqueles que, de acordo com ele, deixaram a nação em uma situação difícil. O presidente não citou a Argentina nominalmente, mas se referiu a um país “mais ao sul”.
As declarações foram dadas em discurso de abertura do Fórum de Investimentos Brasil, em São Paulo, no momento em que o presidente elogiava seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pelo trabalho que tem feito em relação à Venezuela, país vizinho que vive uma profunda crise econômica, social e política.
“Ernesto Araújo quando chegou, muito criticado, era diferente daqueles que ocuparam sua cadeira anteriormente. Tem aberto portas. Tem sido um herói na questão de busca de solução para a Venezuela”, disse. “Como também temos trabalhado para que outro país, mais ao sul, não volte para as mãos daquelas pessoas que no passado botaram esse país numa situação bastante complicada”, afirmou Bolsonaro. O presidente defendeu que não se pode permitir que grupos políticos que o antecederam na Presidência retornem ao poder no Brasil.
“Nós não podemos ver em 2022 o que este grande país ao sul da América do Sul é e vive no momento”, disse. “Isso depende do trabalho sério de cada um de nós. Mostrar para aqueles que acreditam que aqueles que ocuparam o governo em anos anteriores não podem voltar. Se voltarem pelo voto, paciência. Mas que não voltem por omissão nossa, por falta de nós mostrarmos que lá atrás o nosso destino era a Venezuela”, afirmou.
Bolsonaro é aliado do atual presidente argentino, Mauricio Macri, que concorre pela reeleição. Nas eleições primárias, realizadas em agosto, Macri sofreu uma ampla derrota para o opositor Alberto Fernández, que tem como vice de sua chapa a ex-presidente Cristina Kirchner. Uma pesquisa realizada pelo instituto D’Alessio IROL que foi divulgada na segunda-feira 7 apontou que 90% da população acredita na eleição de Fernández, e que mais da metade das pessoas no país espera que não seja necessário segundo turno. Até mesmo entre os eleitores declarados de Macri, 76% acreditam que o adversário conseguirá ganhar o pleito.
Esta não é a primeira vez que Bolsonaro critica a oposição kirchnerista na Argentina. “Pedimos a Deus que a Argentina saiba proceder através do povo para não retroceder”, disse em uma solenidade militar em agosto, após a divulgação dos resultados das primárias. Apesar de suas constantes declarações sobre a política argentina, Bolsonaro sempre critica o que chama de tentativas internacionais de interferir em assuntos internos do Brasil.
Durante a cúpula de líderes do G7 na França, em agosto, o presidente criticou o francês Emmanuel Macron por suas falas em relação à polícia ambiental conduzida pelo Brasil e ao aumento no número de incêndios na Amazônia. Bolsonaro ainda acusou Macron de violar a soberania brasileira.
(Com Reuters)