A explosão de uma bomba nas redondezas de um grande santuário muçulmano na cidade de Lahore, no Paquistão, deixou 10 mortos nesta quarta-feira, 8. Outras oito pessoas ficaram feridas, segundo as autoridades. O ataque teve como alvo o posto policial responsável pela segurança do local.
Centenas de peregrinos estavam no Data Darbar, maior santuário sufista do sul da Ásia, participando das comemorações do Ramadã, o mês sagrado da religião islâmica.
Entre as vítimas fatais estão seis civis e quatro policiais. “A polícia foi o alvo principal deste ataque. Estamos coletando evidências forenses para determinar a natureza da explosão”, declarou Ashfaq Khan, vice-inspetor-geral de operações da polícia de Lahore.
Depois do ataque, as forças de segurança paquistanesas montaram postos de controle nas principais ruas que levam ao santuário. Os hospitais da província estão todos em alerta.
O atentado de hoje foi reivindicado pelo Hizbul Ahrar, um grupo dissidente do Talibã paquistanês que vem combatendo o governo local há anos. Em comunicado, os jihadistas confirmaram que o ataque visou a polícia e ainda disseram ter calculado a estratégia para evitar vítimas civis.
A televisão estatal mostrou imagens dos carros de patrulha em frente ao santuário totalmente destruídos. Um dos policiais da base, Muhammad Kashif, especulou que o ataque “pode ter sido suicida.”
O primeiro-ministro do país, Imran Khan, emitiu uma declaração repudiando o atentado e pediu ao governo provincial auxílio para as vítimas. As autoridades do Paquistão vêm intensificando as medidas anti-terrorismo desde 2014, quando o pior atentado da história do país deixou 150 mortos em uma escola na província de Peshawar.
Apesar da vigilância, os grupos jihadistas ainda realizaram vários ataques nos últimos anos, incluindo um bombardeio contra um mercado da minoria xiita Hazara em abril deste ano, matando 20 pessoas.
“Menos” muçulmanos
Palco da explosão nesta quarta-feira, o Data Darbar é um santuário construído no século XI para abrigar os restos mortais de Abul Hassan Ali Hujwiri, uma figura mística muçulmana. Dezenas de milhares de peregrinos visitam o local toda primavera do hemisfério norte, no aniversário de morte de Hujwiri.
O templo é simbólico para os fieis do sufismo, uma vertente mística do islamismo. Seus seguidores são alvos frequentes de militantes radicais, que julgam a devoção a “santos muçulmanos” uma ofensa aos preceitos da religião. Em 2010, o templo foi alvo de um ataque suicida que deixou 40 mortos e, desde então, tinha segurança reforçada.
Segundo historiadores, tanto os sufistas quanto os hanafis, duas minorias muçulmanas, seguem uma interpretação peculiar do Islã, com inspirações em outras santidades persas e árabes vistas como perpetuadoras do Corão no sul da Ásia.
Muitos sufistas e hanais também reverenciam figuras místicas indianas e regularmente visitam os santuários dedicados a elas na Índia e no Paquistão, nações culturalmente conflitantes. Esses santos são adorados por hindus, siques, cristãos e judeus na região, o que é visto com maus olhos pela população paquistanesa de maioria xiita, a segunda maior do mundo, apenas atrás do Irã.
(Com Reuters, AFP)