Um ataque suicida no Afeganistão matou pelo menos 23 pessoas, em maioria mulheres jovens, nesta sexta-feira, 30. A explosão aconteceu no centro educacional Kaaj, na capital Cabul, e autoridades investigam se o atentado tinha como alvo pessoas de uma minoria étnica xiita.
Segundo o Ministério do Interior do Afeganistão, a instituição de ensino acolhia estudantes em preparação para os exames de admissão às universidades do país. “Atacar alvos civis prova a crueldade desumana do inimigo e a falta de padrões morais”, disse o porta-voz do ministério, Abdul Nafy Takor.
Embora ainda nenhum grupo tenha reivindicado a autoria do bombardeio, há suspeitas de envolvimento do Estado Islâmico, responsável por vários ataques no distrito Dasht-e-Barchi. A organização fundamentalista considera a minoria xiita hazara como herege e está ligado a 13 atentados contra a comunidade que mataram e feriram pelo menos 700 pessoas segundo a Human Rights Watch.
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Segundo testemunhas, grande parte das vítimas são mulheres. Outras 36 pessoas ficaram feridas, de acordo com informações do Hospital Ali Jinah, para onde algumas das vítimas foram levadas após o incidente.
O governo do Talibã declarou que “medidas serão tomadas para encontrar e punir os autores” do atentado.
“O Emirado Islâmico do Afeganistão considera o ataque ao centro de treinamento Kaj, no 13º distrito de Cabul, um grande crime, condena-o veementemente e expressa as mais profundas condolências às famílias das vítimas deste incidente”, disse um porta-voz do grupo fundamentalista islâmico.
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O relator especial da ONU para os direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett, também denunciou o atentado, mencionando a perseguição que a minoria étnica hazara, de origem turca, vem sofrendo no país.
“O ataque à educação para hazaras e xiitas deve terminar. O futuro do Afeganistão depende de acabar com os crimes internacionais, responsabilizar os perpetradores e educar os jovens”, escreveu Bennett em uma publicação no Twitter.
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Desde que assumiram o poder no Afeganistão, em agosto de 2021, o Talibã enfatiza que vem protegendo a população após décadas de guerra. Nos últimos meses, porém, ocorreram vários atentados em mesquitas e instalações civis.
No início deste mês, dois funcionários da embaixada russa estavam entre as seis pessoas mortas em uma explosão suicida perto da embaixada russa e, em agosto, uma explosão em uma mesquita durante as orações da noite matou 21 pessoas e feriu outras 33.