A Rússia fez uma série de ataques contra alvos militares e de infraestrutura em Kiev e em outras partes da Ucrânia nesta terça-feira, 20, incluindo áreas a oeste, longe das linhas de frente. Os ataques russos ocorrem enquanto o exército ucraniano concentra seu poderio nas áreas controladas por Moscou no sul e no leste do país.
O gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que drones atacaram a região de Kiev em várias ondas, fazendo com que o alerta aéreo disparasse por mais de quatro horas. Vários prédios comerciais e administrativos e algumas residências foram danificados, mas não houve relatos de vítimas.
Os militares ucranianos acreditam que os russos estavam mirando em alvos de infraestrutura de telecomunicações, bem como propriedades agrícolas.
Kiev disse que abateu 32 dos 35 drones Shahed, de fabricação iraniana, que foram disparados da região russa de Bryansk e do mar de Azov. Porém, de acordo com o governador regional Maksym Kozytsky, uma “instalação de importância crítica” foi atingida em Lviv, longe das linhas de frente e a cerca de 70 km da fronteira com a Polônia.
“No entanto, a principal direção de ataque dos drones iranianos foi a região de Kiev. Mais de duas dúzias de Shaheds foram destruídos aqui”, disse a Força Aérea ucraniana.
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O Ministério da Energia disse que os destroços da queda de drones danificaram as linhas de eletricidade na região de Kiev e também na região de Mykolaiv, no sul, cortando o fornecimento para centenas de pessoas. A Força Aérea disse que a Rússia também atingiu a cidade industrial de Zaporizhzhia, no sudeste do país, onde fica a maior usina nuclear da Europa.
Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, os ataques destruíram, com eficácia, oito armazéns de munição na Ucrânia nas últimas 24 horas. Além disso, Moscou teria repelido ataques ucranianos em três direções diferentes, inclusive investidas com drones cidade de Nova Kakhovka, no sul de Kherson, onde o colapso de uma represa inundou uma área de mais de 600 quilômetros quadrados.
De acordo com o Kremlin, o ataque ucraniano deixou três civis feridos.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, alegou que Moscou obteve informações denunciando que a Ucrânia planeja atacar a Crimeia, península anexada por Moscou em 2014, com mísseis americanos e britânicos de longo alcance. Ele alertou que, caso isso acontecesse, a Rússia não hesitaria em retaliar.
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“O uso desses mísseis fora da zona de nossa operação militar especial significaria que os Estados Unidos e o Reino Unido seriam totalmente arrastados para o conflito e implicariam em ataques imediatos aos centros de tomada de decisão na Ucrânia”, disse Shoigu.
A Ucrânia afirma ter expulsado as forças russas de oito aldeias e reconquistado 113 quilômetros quadrados de território desde o início de sua contraofensiva, há duas semanas. A Rússia acredita que esses são apenas os estágios iniciais da operação, e diz que a Ucrânia realizou 263 ataques contra as defesas russas desde 4 de junho.
“Graças às ações inteligentes e altruístas de nossas unidades, todas elas foram repelidas, o inimigo não atingiu seus objetivos”, alegou Shoigu.
Na semana passada, uma comitiva de líderes africanos iniciou uma missão para abrir caminhos para a mediação da guerra na Ucrânia. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o presidente Vladimir Putin manteve conversas “muito produtivas” com eles no último sábado 17, e permaneceu aberto ao diálogo sobre a Ucrânia.
Porém, Peskov também afirmou que “dificilmente se pode falar sobre bases estáveis” para negociações de paz.