Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

As oportunidades com o nascente mercado do carbono

O mecanismo pelo qual países ricos pagam aos pobres para ter o direito de poluir ganha força como saída contra os danos ambientais

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h54 - Publicado em 13 dez 2019, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Desde 2015, quando 195 nações assinaram o Acordo de Paris, durante a Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP) na capital francesa, marcou-se um “x” na folhinha do ano de 2020 — é o limite para a entrada em vigor do tratado que define as regras de controle das emissões de gases que provocam o efeito estufa, sobretudo o CO2. Existe um teto, com o aquecimento de no máximo 2 graus até o fim do século, sob risco de vivermos um cataclismo ambiental, o armagedom. Há aparente consenso, à exceção de comportamentos esquivos como os de Trump e Bolsonaro. Um ponto, contudo, tem provocado contestação e um cipoal de dúvidas durante as longas reuniões da COP 25, em Madri, na Espanha, realizada entre os dias 2 e 13.

    O nó em discussão tem nome fácil e explicação um tantinho mais complexa: mercado de créditos de carbono. Como funciona? De forma voluntária, países desenvolvidos, os mais ricos, os mais sujões, entre eles os Estados Unidos, podem comprar o direito de poluir de países em desenvolvimento, como o Brasil. Qual é o destino do dinheiro? Os países pobres, naturalmente menos industrializados, que utilizam combustíveis fósseis e que, em tese, como contrapartida, deveriam utilizar o montante para conduzir projetos sustentáveis. Há regras para tais iniciativas verdes alimentadas pelos créditos de quem tem culpa no cartório: elas abrangem a implementação de fontes de energia limpa, o reflorestamento de áreas degradadas ou o investimento em tecnologias ambientais.

    A conversa não é novidade, embora agora tenha esquentado. A tentativa de fortalecer um mercado de créditos de carbono começou no Protocolo de Kyoto, de 1997. Diante de necessidades mais ambiciosas, o novo mecanismo substituirá o anterior. Um exemplo didático: a Noruega, riquíssima, se comprometeu, em Paris, a reduzir em 40% as emissões até 2030. Só que, com as políticas públicas adotadas, na data estimada as emissões devem cair somente 12%. Com as novas regras do jogo, o restante do compromisso poderia ser compensado com a compra de créditos de outras nações, e os noruegueses continuariam poluindo, abdicando da promessa original. Há uma imensa contradição, portanto: de um lado, estimula-se o desenvolvimento sustentável, para quem vai receber os créditos; de outro, os poluidores se livram da responsabilidade, comprada com dólares. Pagam, enfim, para continuar poluindo. Tem tudo para dar errado, mas o mercado funcionará se, globalmente, todos seguirem as regras, sem exageros e aplicando as verbas compensatórias como devem ser aplicadas.

    Continua após a publicidade

    Para o Brasil, rico em diversidade, com a fortaleza verde da Floresta Amazônica e rios em profusão, há uma espetacular oportunidade. Mantendo-se em patamares sustentáveis, de pleno cuidado com o ambiente e zelo por energias renováveis, o país entraria no mercado com vantagens — receberia o dinheiro dos créditos e nem precisaria usá-lo para atingir as metas estabelecidas. Para Plínio Ribeiro, fundador da Biofílica, companhia brasileira que já trabalha na área e preserva 1,2 milhão de hectares na Amazônia, “o Brasil conseguiria ser a Arábia Saudita do carbono”, imaginando-se o carbono como o novo petróleo. “Para chegarmos a esse ponto de excelência, contudo, o país, as autoridades e as empresas precisam apresentar uma estratégia ambiental clara”, diz Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. Estima-se que o mercado nacional possa movimentar 1 bilhão de dólares anuais em créditos de carbono — se não prosperarem teses negacionistas segundo as quais o ser humano nada tem a ver com o aquecimento global, e está tudo limpo.

    Publicado em VEJA de 18 de dezembro de 2019, edição nº 2665

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.