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As lições aprendidas nos 20 anos de Guerra ao Terror

As duas décadas de luta intensa contra o terrorismo e a crise no Afeganistão trouxeram valiosos ensinamentos para os Estados Unidos

Por Da Redação 11 set 2021, 08h02
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  • Após a tragédia do 11 de setembro, a chamada Guerra ao Terror foi declarada. Desde então, levou à invasão do Afeganistão, depois do Iraque, à ascensão do Estado Islâmico e à proliferação de milícias apoiadas pelo Irã em todo o Oriente Médio. 

    O terrorismo não foi eliminado, mas também, até hoje, nunca houve outro ataque que se aproximasse da escala de 11 de setembro. 

    As bases da Al-Qaeda no Afeganistão foram destruídas, seus líderes caçados no Paquistão. O autodeclarado califado do Isis, que aterrorizava grande parte da Síria e do Iraque, foi desmantelado.

    Hoje, porém, o Afeganistão é mais uma vez governado pelo Talibã, movimento que protegia a Al-Qaeda, e o medo do terrorismo volta a crescer. A seu favor, os Estados Unidos têm a experiência adquirida desde setembro de 2001. Abaixo estão algumas das principais lições aprendidas.

    1. Compartilhe inteligência vital

    As pistas estavam lá, mas ninguém juntou os pontos a tempo. Nos meses que antecederam o 11 de setembro, as duas principais agências de inteligência dos Estados Unidos, o FBI e a CIA, estavam cientes de que havia algum tipo de conspiração.

    Mas tal era a rivalidade entre a coleta de inteligência doméstica e estrangeira que eles guardaram o que sabiam para si mesmos. Desde então, o Relatório da Comissão sobre o 11 de setembro tem examinado exaustivamente os erros cometidos e melhorias importantes foram feitas.

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    O Reino Unido montou seu próprio centro de fusão: o Joint Terrorism Analysis Center (JTAC), onde dezenas de especialistas estão reunidos dentro de um edifício, fornecendo uma avaliação contínua do andamento ameaça terrorista para cidadãos do Reino Unido em casa e no exterior.

    Mas o sistema não é perfeito. Dois anos depois que o JTAC foi estabelecido, a Al-Qaeda executou os atentados de 7 de julho em Londres, usando cidadãos britânicos para matar mais de 50 pessoas. 

    Um enorme plano para bombardear vários aviões em pleno voo foi evitado no ano seguinte com a ajuda do Paquistão, mas o Reino Unido ainda sofreu vários ataques em 2017, incluindo o atentado de Manchester.

    Portanto, mesmo uma boa coleta e compartilhamento de informações podem falhar na prevenção de ataques se forem tomadas decisões erradas na priorização de tarefas.

    O ataque ao Bataclan de Paris, em 2015, que matou 130 pessoas e para o qual o julgamento está em andamento, foi em parte o resultado de uma falha das autoridades europeias em compartilhar informações oportunas através das fronteiras.

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    2. Defina a missão e não se distraia

    De todas as muitas razões pelas quais o Afeganistão voltou ao domínio do Talibã, uma se destaca: a invasão do Iraque liderada pelos EUA em 2003. Essa decisão malfadada se tornou uma grande distração para o que estava acontecendo no Afeganistão.

    Muitas Forças Especiais dos Estados Unidos e do Reino Unido, que vinham caçando com sucesso agentes da Al Qaeda e trabalhando com parceiros afegãos para manter os insurgentes do Talibã em desvantagem, foram retiradas e enviadas para o Iraque.

    Isso permitiu que o Talibã e outros grupos voltassem mais fortes. 

    Depois que os governantes do Talibã se recusaram a entregar os perpetradores, os EUA se uniram à Aliança do Norte (afegãos que se opunham ao grupo terrorista) para expulsar com sucesso o Talibã e a Al-Qaeda.

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    Mas nos anos que se seguiram, a missão se diluiu, girando em várias direções.

    A vida melhorou incomensuravelmente durante esse período para a maioria dos afegãos, mas bilhões de dólares gastos na construção de uma nação foram desperdiçados na corrupção e no desperdício.

    3. Não faça alianças espúrias

    O pânico coletivo que se seguiu ao 11 de setembro significou que os serviços de inteligência dos Estados Unidos e do Reino Unido acabaram cooperando com certos regimes com históricos terríveis de direitos humanos. 

    Por exemplo, depois que o horrível regime do coronel Muamar Kadaffi, na Líbia, foi derrubado em 2011, jornalistas encontraram uma carta de um oficial sênior do MI6, o serviço secreto inglês, para seu homólogo líbio. Nela, discutia-se a extradição de um dissidente islâmico, o que comprova colaboração entre ocidentais e o regime sanguinário.

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    Hoje, o jihadismo está ressurgindo nas partes mal governadas ou não governadas da África, colocando novos desafios sobre com quem exatamente o Ocidente deve se aliar. 

    4. Respeite os direitos humanos 

    Prender suspeitos no campo de batalha — incluindo em alguns casos civis inocentes — e transportá-las para o outro lado do mundo para um centro de detenção naval dos EUA em Cuba fez danos incalculáveis ​​à reputação dos EUA e do Ocidente.

    Detenção sem julgamento foi algo que aconteceu em países autocráticos em casa. Os árabes não esperavam isso dos EUA.

    O pior estava por vir, com revelações de “interrogatório intensificado”, afogamento e outros maus-tratos em locais sombrios da CIA onde suspeitos de terrorismo simplesmente desapareceram. A presidência de Obama acabou com isso, mas o estrago estava feito.

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    5. Tenha um plano de saída

    As intervenções ocidentais que precederam o 11 de setembro foram relativamente rápidas e simples.

    Mas as invasões lideradas pelos EUA no Afeganistão e depois no Iraque resultaram no que foi chamado de “as guerras eternas”. 

    Ninguém envolvido em 2001 ou 2003 imaginava que eles ainda estariam lá duas décadas depois. O Ocidente não entendia no que estava se metendo e não havia um plano de saída realista.

    Não há dúvida de que se o Ocidente não tivesse combatido o Talibã e a Al Qaeda no Afeganistão em 2001, então mais ataques teriam ocorrido. A missão de contraterrorismo naquele país não foi um fracasso, mas a de construção da nação nunca foi concluída.

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