No próximo domingo, 22, cerca de 45 milhões de argentinos devem comparecer às urnas para eleger o próximo presidente da República. A eleição segue regras muito distintas das brasileiras e chegam a causar certo estranhamento para quem não está acostumado com o modelo.
A principal diferença é que não há voto eletrônico, ele ocorre em papel. Não há, porém, uma cédula em que se assinala o nome dos candidatos. Os eleitores precisam pegar uma boleta em que a identidade com fotos e números dos postulantes estão impressos, colocá-la dentro de um envelope para, em seguida, depositá-lo na urna.
As boletas precisam ser oficiais e são previamente impressas pelos próprios partidos e coalizões. Às vésperas da eleição, Rolando de Maio, o candidato à prefeito de Mar del Plata do La Libertad Avanza, disse que estavam distribuindo boletas falsas do postulante à presidência, Javier Milei. Assim, eleitores poderiam ser enganados e depositar papéis que não seriam contabilizados no resultado final, anulando seus votos.
O custo é bancado pelo Estado, que exige que seja feita a impressão de, pelo menos, uma boleta por eleitor. Com isso, há uma grande circulação deste tipo de panfleto, que são distribuídas nas ruas e enviadas para a casa das pessoas.
Os gastos públicos com a realização da eleição também aumentam consideravelmente, já que cada legenda atende ao número do total de eleitores. Seria muito mais econômico imprimir apenas uma cédula para cada votante, ou simplesmente implementar o voto eletrônico.
Há boletas para presidente, governador, deputados nacionais, legisladores, (espécies de deputados estaduais), representantes do Mercosul em níveis nacionais e regionais e comunero (lideranças locais, com cargos semelhantes ao de um subprefeito).
No caso das eleiçõs legislativas, também não é possível optar por um único candidato. São apresentadas listas fechadas com nomes em ordem de importância. Dependendo do percentual de votos obtidos, um número correspondente de deputados e deputadas são eleitos. Esse ano, renova-se um terço do parlamento.
Em geral, os partidos fazem uma boleta para as eleições federais e outra para as eleições das províncias, com todos os cargos incluídos. Mas o eleitor pode escolher votar em partidos diferentes, para os distintos cargos – em presidente em uma legenda e para governador em outra. Nesse caso, é necessário cortar o papel. Se houver boletas diferentes para um mesmo cargo dentro do envelope, o voto é anulado.
A apuração é outra questão complicada. Assim que termina a votação, cada zona eleitoral abre as urnas e apura o resultado contando as boletas. Os partidos podem fiscalizar o processo, mas, por se tratar de uma contagem descentralizada, dificilmente as agremiações contam com fiscais para todas as urnas.
Apesar do trabalho manual, a previsão é a de que os resultados iniciais comecem a ser divulgados por volta de 21 horas de domingo e que o vencedor seja aclamado na madrugada de segunda. Cinco candidatos disputam a presidência: o ultraliberal Javier Milei (La Libertad Avança), a representante da centro-direita, Patricia Bullrich (Juntos Por El Cambio), o atual ministro da economia, o peronista Sérgio Massa (Unión Por La Pátria), a socialista Myryam Bregman (Frente de Esquerda) e o peronista não Kirchnerista, Juan Schiaretti (Hacemos Por Nuestro País).