Protestos na capital da Argentina, Buenos Aires, e em pelo menos outra meia dúzia de cidades mobilizaram milhares de pessoas no final da tarde desta segunda-feira, 17. As manifestações foram convocadas para criticar o governo do presidente, Alberto Fernández, especialmente as políticas de confinamento para conter os casos de Covid-19 e uma proposta de reforma do Judiciário.
A mobilização teve início às 16h, quando diversos manifestantes espalhados por Buenos Aires, em sua maioria portando a bandeira nacional, começaram a se concentrar no Obelisco. O monumento histórico da capital argentina fica na Praça da República, a menos de 1,5 quilômetro da sede do governo federal.
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— Fran (@franciscog87) August 17, 2020
Grupos de manifestantes também se reuniram em outros pontos de Buenos Aires. Segundo o Clarín, cerca de 100 pessoas estão na frente de uma residência da vice-presidente, Cristina Kirchner, no bairro da Recoleta. Não se sabe se ela está no local.
Além da capital, ondas de manifestantes foram relatadas nas cidades de Córdoba, Rosário e Avellaneda, entre outras, nesta segunda-feira.
Convocada pela internet e denominada Marcha 17A — em referência à data, que é o aniversário da morte do libertador General José de San Martín —, a mobilização não está concentrada em apenas uma pauta. O jornal La Nación destaca, além de questões estruturais, como o aumento da inflação e a crise econômica, uma proposta de reforma judiciária.
Entre os pontos mais criticados da reforma, apresentada por Fernández em 29 de julho e ainda a ser debatida pelo Congresso argentino, está a criação de um novo foro em Buenos Aires para casos de corrupção política.
A principal coligação da oposição, Juntos por el Cambio, afirma que a reforma retardaria ainda mais os diversos julgamentos que Kirchner enfrenta.
Confinamento
O endurecimento das políticas de confinamento em diversas regiões, anunciado no domingo 16, incitou ainda mais as mobilizações, que já estavam marcadas há dias. Fernández prorrogou até 30 de agosto o estado de quarentena na Região Metropolitana de Buenos Aires, que é um dos epicentros de casos na Argentina.
A província de Buenos Aires, que se estende além da zona metropolitana, responde por 60% dos cerca de 300.000 casos confirmados em todo o país, segundo o Ministério da Saúde argentino. Ao menos outras 17 províncias também foram integralmente submetidas à quarentena, de acordo com o decreto presidencial do domingo.
O estado de quarentena impede a abertura de bares e restaurantes, e restringe a realização de eventos culturais, recreativos ou religiosos em espaços públicos ou privados que envolvam mais de dez pessoas. Além disso, o serviço público de transporte está parcialmente paralisado.