O governo da Argentina anunciou nesta quarta-feira, 24, sua saída do Grupo de Lima, criado em agosto de 2017 para abordar a situação da Venezuela. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores justificou a decisão dizendo que o fórum de articulação política tem sido inútil para ajudar a resolver o conflito interno do país vizinho, através de ações que “não levaram a nada”.
“A República Argentina formalizou a sua retirada do chamado Grupo de Lima, considerando que as ações que o Grupo tem promovido em nível internacional, procurando isolar o governo da Venezuela e os seus representantes, não levaram a nada”, diz o texto.
O comunicado pede “um diálogo inclusivo” para resolver a crise venezuelana, “que não favoreça nenhum setor em particular, mas para conseguir eleições aceitas pela maioria com controle internacional”.
O governo do presidente Alberto Fernández diz acreditar que este diálogo deve incluir “a oposição como um todo”, juntamente com “vozes provenientes dos principais atores sociais do país, como a Igreja, o setor empresarial e as organizações não governamentais, sem exclusões”.
“Em um contexto em que a pandemia causou estragos na região, as sanções e bloqueios impostos à Venezuela e às suas autoridades, bem como as tentativas de desestabilização que ocorreram em 2020, apenas agravaram a situação da sua população e, em particular, a dos setores mais vulneráveis”, acrescentou a declaração.
A Argentina também critica “a participação de um setor da oposição venezuelana como mais um membro do Grupo Lima”, o que levou à adoção de posições que o país “não pôde nem pode acompanhar”.
A Argentina passou a integrar o grupo durante a Presidência de Mauricio Macri, antecessor de Fernández. A participação da oposição citada no comunicado diz respeito à entrada em 2019 do líder opositor venezuelano Juan Guaidó como representante da Venezuela nas reuniões.
Além das posturas diferentes adotadas entre os dois presidentes, a ex-presidente argentina e atual vice, Cristina Kirchner, também teve uma relação próxima com o ex-mandatário venezuelano Hugo Chávez, substituído após a morte por Nicolás Maduro.
Criado na capital peruana em 2017, o grupo é formado 14 países da região, além do Canadá. Embora não integrem oficialmente o bloco, os Estados Unidos participam das reuniões.
O Ministério destaca que “a Argentina continuará mantendo o seu compromisso com a estabilidade na região, e buscará soluções pacíficas, democráticas e respeitadoras da soberania e dos assuntos internos de cada Estado”.
A Venezuela vive uma crise econômica sem precedentes na história recente da região. Segundo as Nações Unidas, levou ao êxodo nos últimos anos 4,7 milhões de pessoas.