O ano de 2020 foi o mais quente no mundo ao lado de 2016, informou nesta sexta-feira, 8, o serviço europeu Copernicus sobre mudanças climáticas. O dado fecha uma década de temperaturas recordes, que evidenciam o avanço do aquecimento global e a necessidade de reduzir os impactos do ser humano no planeta.
No ano passado, a temperatura média aumentou 1,25 ºC em relação à era pré-industrial, assim como em 2016. Contudo, “é preciso levar em conta que 2020 iguala o recorde de 2016, apesar de um resfriamento de La Niña”, disse o Copernicus. Há quatro anos, ocorreu um forte episódio do El Niño, fenômeno oceânico que provoca um aumento das temperaturas contribuindo para o aquecimento em até 0,2 ºC, segundo a NASA e a Organização Meteorológica Mundial.
“Está claro que sem os impactos do El Niño e La Niña sobre as temperaturas respectivas, 2020 teria sido o ano mais quente já registrado”, disse Zeke Hausfather, climatologista do Breakthrough Institute, à AFP.
O dado é condizente com os outros recordes de temperatura aferidos nos últimos anos. O período de 2015 a 2020 foi o mais quente desde o início da era industrial, enquanto a última década (de 2011 a 2020) também destacou-se como os dez anos mais quentes.
O diretor do Copernicus, Carlo Buontemmpo, diz que o aumento de temperatura de 2020 “não é surpreendente” e “nos lembra mais uma vez da urgência de reduzir as emissões” de gases do efeito estufa. Os efeitos do aquecimento já são visíveis em todo o planeta: degelo das calotas polares, verões excepcionais, dilúvios e temporadas recordes de furacões e incêndios.
Apesar de tudo isso, o pior ainda está por vir. O planeta ganhou ao menos 1,1 ºC em relação à era pré-industrial. O Acordo de Paris determina que o aumento máximo nas temperaturas seja de 2 ºC, mas os compromissos nacionais de redução das emissões estão longe de serem suficientes.
Mesmo a Europa, elogiada por suas iniciativas de “emissões líquidas zero” e carros elétricos, registrou o seu ano mais quente – mais de 2,2 ºC acima do período pré-industrial.
O Copernicus informou que a concentração de CO2 na atmosfera continuou aumentando em 2020, alcançando um “nível máximo sem precedentes” de 413 ppm (partes por milhão) em maio de 2020 – isso mesmo com a pandemia e a paralisação econômica mundial, que causaram queda recorde de 7% das emissões de carbono, segundo o Global Carbon Project.
“Enquanto as emissões mundiais líquidas não se reduzirem a zero, o CO2 continuará se acumulando na atmosfera e provocando uma nova mudança climática”, alertou Vincent-Henri Peuch, responsável do serviço de vigilância da atmosfera do Copernicus.
(Com AFP)