Após Líbano, Hamas diz estar ‘pronto’ para acordo de cessar-fogo em Gaza
Palestinos temem que Israel volte sua atenção total – e poderio militar – para o enclave; Negociações estão travadas há meses
O grupo terrorista palestino Hamas disse estar pronto para um cessar-fogo em Gaza nesta quarta-feira, 27, após um acordo de trégua entre seu principal aliado, a milícia libanesa Hezbollah, e Israel entrar em vigor no Líbano.
“Informamos os mediadores no Egito, Catar e Turquia que o Hamas está pronto para um acordo de cessar-fogo e um acordo sério para troca de prisioneiros”, disse um alto funcionário do Hamas à agência de notícias AFP, acusando Israel de ser responsável por impedir que as negociações avancem.
O representante do Hamas Sami Abu Zuhri, por sua vez, disse à agência de notícias Reuters que o grupo palestino “aprecia o direito do Líbano e do Hezbollah de chegarem a um acordo que proteja o povo do Líbano” e que espera que a trégua “abra o caminho para um acordo que ponha fim à guerra de genocídio contra o nosso povo em Gaza.”
Abu Zuhri também responsabilizou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pelo fato das últimas negociações por um cessar-fogo não terem dado resultado, alegando que o Hamas “demonstrou alta flexibilidade para chegar a um acordo e ainda está comprometido com essa posição e interessado em chegar a um pacto que ponha fim à guerra em Gaza.”
“O problema sempre foi com Netanyahu, que sempre escapou de chegar a um acordo”, afirmou ele.
Israel, por sua vez, acusou repetidamente o Hamas de impedir os esforços diplomáticos.
Israel invadiu a Faixa de Gaza no ano passado, depois que terroristas liderados pelo Hamas atacaram comunidades no sul do país, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando mais de 250 como reféns. Desde então, a campanha militar israelense matou mais de 43.500 pessoas, de acordo com autoridades de saúde de Gaza, e destruiu grande parte da infraestrutura do enclave.
Negociações travadas
As negociações por um cessar-fogo em Gaza estão suspensas após meses de tentativas frustradas de estabelecer um entendimento entre Israel e Hamas. O Catar, casa das principais lideranças do grupo palestino no exterior e importante mediador, afirmou que quaisquer esforços por uma trégua continuariam estagnados até que as duas partes do conflito estivessem preparadas para fazer concessões.
Na semana passada, altos funcionários das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) disseram que existem sinais de que o Hamas estaria agora aberto a aprovar um acordo de trégua que não incluiria o fim permanente da guerra e a retirada total dos soldados israelenses de Gaza, o que antes era uma condição indiscutível para o grupo palestino. No entanto, a declaração foi contestada por outras autoridades em Tel Aviv.
Foco em Gaza
Com a trégua da guerra no Líbano, muitos palestinos temem que Israel volte sua atenção total – e seu poderio militar – para Gaza.
Após anunciar que o estado judaico havia concordado com um cessar-fogo no Líbano, Netanyahu afirmou que o acordo com o Hezbollah permitirá que as tropas israelenses se concentrem na ameaça do Irã e na guerra em Gaza, destacando que uma das principais “razões para um cessar-fogo é separar as frentes e isolar o Hamas”.
“Desde o segundo dia da guerra, o Hamas estava contando com o Hezbollah para lutar ao seu lado. Com o Hezbollah fora de cena, o Hamas está abandonado. Aumentaremos nossa pressão sobre o Hamas e isso nos ajudará em nossa missão sagrada de libertar nossos reféns”, disse Netanyahu.