O ex-presidente do Quirguistão Almazbek Atambayev se entregou e foi detido nesta quinta-feira pela polícia do país, onde continuam os confrontos violentos entre os partidários do político e as forças de segurança.
“Depois de longas negociações, decidiu se entregar. Ele foi levado a Bishkek”, a capital quirguiz, informou um dos colaboradores de Atambayev à agência russa RIA Novosti.
Os partidários do ex-presidente tentaram bloquear a estrada, mas um comboio com vários automóveis e viaturas policiais levou o político e dois de seus assessores no Partido Social-democrata, segundo a agência Interfax.
De acordo com os seus correligionários, Atambayev, que ocupou a presidência de 2011 a 2017, entregou-se para evitar que se repetissem os confrontos violentos de ontem nas imediações da sua residência, na cidade de Koi-Tash, a cerca de 20 quilômetros da capital, Bishkek.
Mesmo assim, os ânimos continuaram exaltados. Durante a ida da polícia à casa do ex-presidente, houve disparos e explosões, e ainda não foi informado se houve vítimas.
O atual presidente do Quirguistão, Sooronbay Jeenbekov, afirmou que o antecessor será processado por ter resistido à prisão e ter usado armas de fogo contra a polícia. “Atambayev pisoteou grosseiramente na Constituição e nas leis da república do Quirguistão ao resistir com violência armada a uma investigação dentro da lei”, disse Jeenbekov em uma sessão extraordinária do Parlamento.
No fim de junho, o Parlamento quirguiz retirou a imunidade de Atambayev que lhe correspondia como ex-chefe de Estado, o que abre caminho para o processo penal. A Promotoria o acusa de enriquecimento ilícito, apropriação indébita de terrenos, corrupção no projeto de modernização de uma central elétrica e libertação de um líder mafioso.
O ex-presidente viajou para Moscou no fim de junho para se reunir no Kremlin com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o que fez muitos no Quirguistão pensarem que pediria asilo político.
O primeiro presidente da história do Quirguistão, Askar Akayev, está asilado em Moscou desde que foi derrocado na denominada Revolução das Tulipas, em 2005.