Após uma série de abstenções, o Brasil apoiou nas Nações Unidas nesta quarta-feira, 12, uma condenação à Rússia pela anexação de territórios da Ucrânia. O texto, promovido pelo governo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recebeu 143 votos a favor, 5 contra e 35 abstenções.
A decisão acontece em meio a uma forte pressão feita por aliados como Estados Unidos e União Europeia por uma posição mais dura do governo brasileiro. Seguindo a política externa do presidente Jair Bolsonaro de não condenar veementemente a Rússia, adotada desde a eclosão do conflito, em fevereiro, o Brasil se absteve da maioria das deliberações relativas à guerra.
Na última sexta-feira, 7, o país foi um dos 24 a não tomar posicionamento sobre criação de relatoria especial para monitorar supostos abusos de direitos humanos cometidos pelo regime do presidente russo Vladimir Putin.
Brasília também não assinou a declaração da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) que criticava a invasão, apresentada na quinta-feira, 6. Neste mesmo dia, a missão brasileira também se absteve sobre a moção que investigaria supostos abusos de direitos humanos ocorridos na China contra a minoria muçulmana uigur.
A resolução desta quarta-feira, apoiada pelo Brasil, é intitulada “Integridade Territorial da Ucrânia: Defendendo os Princípios da Carta da ONU” e diz que as regiões anexadas em setembro “são áreas que, em parte, estão ou estiveram sob o controle militar temporário da Federação Russa, como resultado de agressão, violação da soberania, independência política e integridade territorial da Ucrânia”.
Em setembro, Putin anunciou a incorporação de quatro regiões parcialmente ocupadas na Ucrânia: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, que equivalem a cerca de um quinto do território do país.
Na ocasião, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para votar a condenação da medida, mas o Kremlin vetou a resolução. Brasil, China, Índia e Gabão se abstiveram.