Um aplicativo de corrida pode ter revelado a localização exata de bases militares dos Estados Unidos na Síria, no Iraque e no Afeganistão. Em um mapa publicado em novembro pela empresa desenvolvedora do aplicativo, um usuário notou um padrão de rotas de corrida que poderia ser de soldados americanos dentro dessas bases. O departamento de defesa americano já está analisando a situação.
O aplicativo Strava utiliza o GPS de seus usuários para traçar as rotas percorridas durante uma atividade física. De tempos em tempos, as rotas de todos os usuários são publicadas formando um mapa para que todos possam comparar seus desempenhos. O último mapa foi revelado em novembro, mas apenas agora um usuário notou a exposição de segurança.
O estudante universitário australiano, Nathan Russer, que está estudando segurança internacional na Australian National University, encontrou em um blog na internet o mapa que trazia dados de rotas divulgadas por soldados.
“Eu pensei que a melhor maneira de lidar com isso é tornar as vulnerabilidades conhecidas para que elas possam ser corrigidas. Alguém teria percebido isso em algum momento. Eu simplesmente fui a pessoa que fez a conexão”, disse Russer à BBC.
Algumas bases já são conhecidas por grupos inimigos, porém o mapa também revela o que parecem ser rotas de saída das bases, informação que pode ser utilizada para planejar ataques ou emboscadas.
O mapa do Iraque aparece, por exemplo, escuro em sua maioria, indicando o uso limitado do aplicativo, mas uma série de bases militares conhecidas, onde estão instaladas as forças da coalizão americana que luta contra o Estado Islâmico (EI), se sobressai com detalhes. Entre elas, Taji, ao norte de Bagdá; Qayyarah, ao sul de Mossul; Speicher, perto de Tikrit; e Al-Assad, na província de Anbar.
O Strava também ressalta sítios menores no norte e no oeste do Iraque, indicando a presença de outras instalações menos conhecidas.
O mesmo acontece no Afeganistão, onde a base aérea de Bagram, ao norte de Cabul, é um centro de atividades, assim como várias outras locações no sul do país. E, na Síria, Qamishli, no noroeste, um baluarte das forças curdas aliadas dos Estados Unidos, aparece claramente visível.
O analista de segurança Tobias Schneider, um dos que descobriram que o mapa mostrava bases militares, notou que apareciam instalações do Exército na Síria, assim como a base Madama usada pelas forças francesas no Níger.
O Departamento americano da Defesa (DoD) disse que está “revisando” a situação.
“Informações recentes enfatizam a necessidade de ter consciência de localização quando militares compartilham informações pessoais”, disse a porta-voz do Pentágono, major Audricia Harris, à AFP.
“O DoD leva muito a sério assuntos como esse e está revisando a situação para determinar se são necessários” guias, ou políticas adicionais, para garantir “a segurança do pessoal de defesa em casa e no exterior”, acrescentou.
O Pentágono “recomenda limitar os perfis públicos na Internet, incluindo as contas pessoais nas redes sociais”, indicou Harris.
(Com AFP)