Dezenas de pessoas se reuniram nesta quinta-feira em frente ao consulado da Arábia Saudita em Istambul para a realização de um funeral simbólico do jornalista Jamal Khashoggi, assassinado naquela representação diplomática no último dia 2 de outubro. Os restos mortais do jornalista continuam desaparecidos, e o caso continua sob investigação das autoridades policiais da Turquia.
Amigos, colegas de profissão, defensores da liberdade de imprensa e políticos criaram a “Associação de Amigos de Jamal Khashoggi”, que exige o esclarecimento do caso e a punição dos culpados.
“Khashoggi foi uma pessoa dedicada à defesa dos que foram detidos pelas autoridades sauditas por suas ideias e opiniões”, declarou Amr Darrag, ex-ministro de Cooperação Internacional do Egito, em nome da associação.
Os presentes no ato exibiam cartazes com a frase “Os amigos de Khashoggi no mundo todo” e a imagem do jornalista saudita e acenderam velas em frente ao consulado.
“Condenamos as tentativas do governo saudita de silenciar jornalistas”, declarou o ex-presidente da Tunísia Moncef Marzouki, em um discurso por telefone durante o ato. “Não esperávamos esta crueldade do governo saudita. Matar um jornalista no seu próprio consulado”, afirmou Yassin Aktay, assessor do partido turco AKP e amigo de Khashoggi.
Os presentes se comprometeram a não permitir que o caso caia no esquecimento nem que este “horrendo assassinato” se transforme em um objeto de “barganha” entre os governos e seus interesses.
O caso do jornalista, exilado nos Estados Unidos, dissidente e crítico do rumo que a monarquia saudita tomou nos últimos anos se soma a uma longa lista de profissionais da imprensa presos ou assassinados por motivos políticos na Arábia Saudita.
“Exigimos a libertação dos que estão detidos devido a suas opiniões em toda a região e o respeito à liberdade e aos direitos humanos”, enfatizaram os amigos do jornalista.
Liberado
Salah Khashoggi, filho mais velho do jornalista, e sua família chegaram nesta quinta-feira em Washington, nos Estados Unidos, em um voo vindo da Arábia Saudita. Apesar de sua dupla nacionalidade (saudita e americana), ele estava proibido de deixar o país.
A partida de Salah Khashoggi ocorreu um dia depois de sua reunião, em Riad, com o rei Salman e seu filho, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. Ambos apresentaram suas condolências. Mas Bin Salman é apontado pelas autoridades da Turquia como suspeito de ter ordenado o crime.
A fotografia da reunião, publicada pela agência oficial da imprensa saudita, mostrou Salah olhando friamente para o príncipe quando se cumprimentaram.
(Com EFE e Reuters)