O ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, deu início na terça-feira, 9, a uma viagem a três países europeus para incentivar negócios com Pequim. A visita do diplomata é vista com desconfiança pela relação do país com a Rússia, que segue apesar da invasão à Ucrânia, em fevereiro do ano passado.
Durante sua visita a Berlim, Qin foi questionado pela ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbok, sobre o papel chinês na guerra. Ela afirmou, ainda, que a administração de Xi Jinping, presidente da China, poderia estar auxiliando na resolução do conflito.
“Neutralidade significa ficar do lado do agressor, e é por isso que nosso princípio orientador é deixar claro que estamos do lado da vítima”, disse Baerbok em uma entrevista conjunta após a reunião com o diplomata.
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Embora Xi tenha relatado uma parceria “sem limites” com Putin em fevereiro do ano passado, pouco antes da invasão russa à Ucrânia, o ministro isentou a participação do país no desenrolar do conflito e defendeu a postura tomada frente à situação de “alta complexidade” na Ucrânia por não adicionar “combustível ao fogo”.
“A China não causou isso, nem é uma das partes, mas estamos comprometidos com as negociações de paz”, afirmou Qin. Apesar de não ter apresentado propostas completas, a China é vista como uma possível articuladora em um cessar-fogo.
Mesmo com os questionamentos de Baerbok, o chanceler chinês buscou fomentar as trocas econômicas entre Berlim e Pequim.
“A China deve ser um trunfo fundamental para a Europa no combate aos desafios”, destacou. “Damos as boas-vindas à Europa para participar ainda mais no mercado e nas oportunidades de desenvolvimento da China, para que a modernização chinesa e o processo de integração europeia continuem a prosperar”.
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Após a visita a Berlim, Qin terá mais facilidade em dialogar com o presidente francês, Emmanuel Macron. Ainda no último mês, ele realizou uma viagem à China para incentivar as relações comerciais e diplomáticas entre as nações.
Na ocasião, Macron opinou que a Europa deveria defender seus interesses em uma “autonomia estratégica” ao “não se envolver em crises” alheias, mencionando a rivalidade entre Estados Unidos e China por Taiwan. O comentário, no entanto, desagradou tanto autoridades americanas quanto europeias.
O chanceler chinês, que também está com viagem marcada para Noruega, se encontrou na segunda-feira, 8, com o embaixador dos EUA em Pequim, Nicholas Burns. Com a disputa sobre o balão de vigilância chinês abatido por autoridades americanas em fevereiro, o encontro teve como “prioridade máxima” a estabilização das relações entre os países.