Os eleitores alemães vão às urnas neste domingo, 25, para escolher quem vai liderar o país após a aposentadoria da chanceler federal Angela Merkel, que deixa o poder após 16 anos de governo. As pesquisas indicam uma disputa acirrada e nenhum dos grandes partidos alemães aparece com mais de 30% das intenções de voto, o que deve dificultar a formação de coalizões no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento.
A votação começou às 8h e vai até as 18h do horário local (13h em Brasília). Cerca de 60 milhões de alemães com mais de 18 anos estão aptos a votar. Muitos já o fizeram pelo correio.
Na Alemanha, os eleitores não votam diretamente nos candidatos à chefia de governo, mas em seus partidos. Mas para efeitos de campanha, as legendas já indicam de antemão quem são seus pretendentes a liderar um eventual governo.
Os dois principais candidatos à sucessor de Merkel são Armin Laschet, da União Democrata-Cristã (CDU), o mesmo partido da chanceler, e Olaf Scholz, líder do Partido Social-Democrata (SPD). A diferença entre os dois é de apenas três pontos percentuais na maioria das pesquisas.
Laschet é governador da Renânia do Norte-Vestfália e, apesar do apoio da atual governante, é prejudicado pela sua falta de carisma, inclinação a cometer gafes e, ainda por cima, pelas críticas à resposta às inundações históricas que arrasaram sua região em julho. Já Scholz é atual ministro das Finanças e vice-chanceler. Ele também tem enfrentado dificuldades para encantar os eleitores e é acusado de imitar Merkel até nos gestos.
Em terceiro lugar nas pesquisas, atrás do SPD e da CDU, aparece o Partido Verde, representado por Annalena Baerbock. Ela chegou a aparecer na liderança em alguns levantamentos em maio, mas sua campanha foi prejudicada por acusações tanto de cometer imprecisões em seu currículo oficial quanto de plágio em trechos de seu livro.
O fim de uma era
Não será fácil substituir Angela Merkel. Eleita dez vezes seguidas a mulher mais poderosa do mundo, a política de 67 anos é a primeira chefe de Estado alemã a se retirar voluntariamente. “Quero usar meu tempo para ler mais e quem sabe até permitir que meus olhos se fechem quando estiver cansada, sem grandes preocupações”, disse recentemente, admitindo, no entanto, que não vai ser fácil se acostumar a ter suas tarefas “executadas por outra pessoa”.
A transferência de poder marcará um ponto de inflexão crucial na Alemanha, que sob o comando de Merkel se tornou mais rica, mais diversa e mais poderosa economicamente. Também provoca ondas de choque na Europa e no resto do mundo desde que ela anunciou, ainda em 2018, a decisão de deixar o Parlamento e a liderança do CDU, depois de imprimir na diplomacia global sua marca de negociadora inabalável na busca de compromissos viáveis.