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Águas de represa do Laos invadem aldeias do Camboja

No Camboja, 5.600 pessoas foram removidas de áreas atingidas; no Laos, rompimento de barragem causou 27 mortes

Por Da Redação
Atualizado em 26 jul 2018, 21h07 - Publicado em 26 jul 2018, 19h28
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  • A água barrenta da barragem do Laos que se rompeu na segunda-feira invadiu hoje 17 aldeias do Camboja, onde milhares de pessoas se viram obrigadas a abandonar suas casas. O desastre na usina hidrelétrica Xepian-Xe Nam Noy provocou a morte de 27 pessoas e o desaparecimento de outras 130 no Laos.

    O governo do Camboja, que prepara as eleições legislativas do próximo domingo, espera o aumento no nível da água e mais remoções de habitantes das áreas atingidas. Não há informações sobre mortos e desaparecidos no Camboja.

    “Dezessete vilarejos foram inundados devido ao colapso da represa do Laos. Nós retiramos 5.600 pessoas que tiveram suas casas submersas”, declarou Men Kong, porta-voz da província de Stung Streng, no Camboja.

    O Laos fez da geração de energia em represas hidrelétricas ao longo do rio Mekong uma atividade prioritária da economia local. Dezenas de represas estão em funcionamento ou em construção para atender às necessidades do país e dos vizinhos, especialmente a Tailândia. O rompimento da barreira de Xepian-Xe Nam Noy foi atribuída ao volume extraordinário de chuvas neste período de monções.

    Três dias após o rompimento, equipes de resgate da China, do Vietnã e da Tailândia alcançaram a região mais afetada. Kits de sobrevivência e suprimentos também começaram a ser distribuídos para a população.

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    O isolamento da área complica as tarefas de resgate, uma vez que as estradas foram cortadas ou severamente danificadas pelas águas. Os principais meios de acesso são helicópteros e barcos.

    Nas aldeias inundadas do Laos, a água começou a baixar nesta quinta-feira, e os moradores começaram a contabilizar os danos causados ​​por este acidente. A paisagem é de escombros e animais mortos.

    Imprensa barrada

    O acesso da imprensa à área mais atingida foi proibido. Desde a tragédia ocorrida na segunda-feira, o regime autoritário do Laos controla de perto a informação veiculada. O primeiro-ministro do Laos, Thonglun Sisulith, viajou para o local da tragédia na quarta-feira à tarde, dois dias depois do colapso da barragem Xe-Namnoy, e disse que havia 131 desaparecidos, no que foi até agora o primeiro balanço oficial.

    “Vi muitos corpos. Havia corpos flutuando. As autoridades os retiraram da água, mas não embalaram adequadamente, e era terrível”, relatou Thanh Tran, um aldeão de 40 anos que conseguiu sair a tempo do vilarejo de Ban May.

    Esta mesma testemunha assegurou que há pessoas isoladas pela água, em uma montanha perto do povoado, esperando pelas equipes de resgate.

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    Pessoas resgatadas relataram nesta quinta-feira que foram avisadas da tragédia tarde demais. “Ninguém nos informou. O moradores viram a água chegar e começaram a gritar”, disse Poosa Duangapai, que encontrou refúgio em um abrigo improvisado em uma escola.

    Duangapai percorreu vários quilômetros em seu pequeno trator para se salvar enquanto a água encobria sua aldeia de Kok Kloy. “É tudo o que me resta”, disse ele, ao apontar para seu trator.

    “As autoridades nos avisaram pelo alto-falante às 16h que iriam liberar a água. Nós não tínhamos consciência do risco de rompimento da barragem”, contou Tran Van Bien, agricultor vietnamita que conseguiu escapar da área com a sua esposa e seu filho de cinco anos de idade.

    Segundo a International Hydropower Association (IHA), existem mais de 50 projetos hidrelétricos no Laos. Várias organizações ambientais alertaram para o impacto dessas barragens no rio Mekong, sua flora e fauna, bem como sobre as populações rurais.

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