O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu ter mudado de opinião sobre a Síria e seu ditador, Bashar Assad, após o ataque químico que deixou 72 mortos província de Idlib. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o republicano comentou que o ataque “ultrapassou muitos limites”.
“Agora eu tenho responsabilidade e vou carregá-la com orgulho”, disse o presidente, ao lado do Rei Abdullah II, da Jordânia, com quem se reuniu na Casa Branca. “O ataque químico horrível de ontem, na Síria, foi contra pessoas inocentes, incluindo mulheres, crianças pequenas e até lindos bebês. Suas mortes são uma afronta à humanidade”, declarou Trump.
O republicano comentou ainda que mudou sua posição em relação a Assad, pois “o ataque contra crianças de ontem teve um grande impacto em mim”, mas não deu detalhes sobre suas futuras atitudes no conflito sírio. “Essas ações hediondas pelo regime de Assad não podem ser toleradas”, insistiu. Durante a campanha, Trump se opôs ao envolvimento militar americano na guerra entre rebeldes e o regime do ditador. “Eu mudo e sou flexível”, disse o presidente.
Questionado sobre como agirá para interferir no conflito Sírio, Trump preferiu “não contar”, um padrão pessoal em relação a estratégias militares. “Uma das coisas que acredito que vocês notaram sobre mim militarmente é que não gosto de dizer onde estou indo e o que estou fazendo”, afirmou.
Na terça-feira, Trump já havia emitido um comunicado escrito sobre o assunto, no qual responsabilizou seu antecessor, Barack Obama, pelo possível ataque químico. “Essas ações hediondas do regime de Bashar Assad são consequência da fraqueza e irresolução da administração anterior”, escreveu.
ONU
Durante encontro do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), também nesta quarta, a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, sugeriu uma futura interferência americana no conflito, se civis continuarem a ser atacados. “Quando a ONU falha consistentemente em sua função de agir com um coletivo, há momentos em que precisamos tomar nossas próprias ações”, disse.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, 20 crianças e 52 adultos foram vítimas do incidente químico na terça-feira. Grupos opostos ao regime de Assad culpam as forças do governo, ou aliados russos, pelo uso da substância tóxica. Imagens da região mostram civis sufocados e com espuma pela boca, sintomas que a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz serem consistentes com exposição a agentes nervosos. Tanto o regime Assad quanto o governo da Rússia negam envolvimento e culpam rebeldes.