A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou nesta segunda-feira, 10, que está “preocupada com a tensão crescente” envolvendo o programa nuclear do Irã, depois que Teerã afirmou que não respeitará alguns limites estabelecidos pelo acordo internacional de 2015.
“Espero que maneiras possam ser encontradas para reduzir a tensão atual por meio do diálogo”, afirmou em um discurso Yukiya Amano, o diretor do organismo das Nações Unidas.
Em 8 de maio, o Irã anunciou que, após a reintrodução de sanções pelos Estados Unidos, não se sentia mais obrigado por certas restrições impostas no acordo de 2015, especialmente no que diz respeito a suas reservas de água pesada e enriquecido de urânio.
Um ano antes, o presidente americano Donald Trump anunciou a saída de seu país do acordo e voltou a impor sanções contra a República Islâmica.
Apesar da retirada de Washington, Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China permanecem como parte do acordo.
“Como reiterei repetidamente, os compromissos assumidos pelo Irã no acordo de 2015 representam um progresso significativo para a verificação nuclear” e é, portanto, “essencial” que o Irã continue a respeitá-los, acrescentou Amano.
Com esse acordo, que deveria acalmar os temores da comunidade internacional sobre o acesso do Irã à bomba atômica, Teerã concordou em limitar drasticamente seu programa nuclear em troca de uma suspensão das sanções contra a sua economia.
Nesta segunda-feira, o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, pediu ao governo do Irã que respeite o acordo internacional sobre seu programa nuclear e “mantenha o diálogo com a Europa”.
Maas fez a declaração antes de uma reunião de uma hora com o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, que no domingo 9 afirmou que os europeus “são os menos indicados para criticar o Irã”.
O governo iraniano reclama que os europeus não cumpriram os compromissos assumidos no acordo internacional sobre seu programa nuclear de 2015.
Maas afirmou aos jornalistas que o pacto é “de importância capital” para a Europa. “Não queremos que o Irã tenha armas nucleares”, disse.
“Ao lado da Alemanha e da União Europeia temos um objetivo comum: conservar (o acordo nuclear), encerrar as tensões e os conflitos na região e permitir ao povo iraniano que se beneficie dos efeitos econômicos do acordo”, declarou Zarif após a reunião.
Tensão
Após a saída de Washington, Teerã ameaçou deixar de cumprir progressivamente o acordo, a não ser que os demais sócios, em particular os europeus, ajudem o país a evitar as novas sanções econômicas.
O Irã deu prazo de dois meses aos europeus, chineses e russos para concretizar os seus compromissos, em particular nos setores petroleiro e bancário.
Sob o acordo, Teerã está autorizado a estocar até 300 quilos de urânio enriquecido e água pesada produzida nesse processo, exportando qualquer excedente. O governo iraniano afirmou, entretanto, que o teto não se aplica mais, já que as exportações foram muito prejudicadas pelas sanções americanas.
O pacto também estabelece que o país está autorizado a enriquecer urânio em até 3,67% – uma taxa suficiente para a geração de energia nuclear para uso civil, mas bem abaixo dos 90% usado para a fabricação de armas. Antes do acordo, o Irã enriquecia urânio a 20%.
No final de maio, contudo, o governo iraniano afirmou ter quadruplicado sua produção de urânio enriquecido, depois de suspender alguns compromissos firmados no acordo nuclear internacional.
Na semana passada, a AIEA afirmou que desde o último relatório elaborado pelos seus especialistas, divulgado em 22 de fevereiro, o país manteve os níveis de enriquecimento de urânio abaixo dos permitidos em pureza e quantidade máxima.
(Com AFP)