O partido do Congresso Nacional Africano (ANC), que comanda o atual governo na África do Sul, parece prestes a perder a maioria pela primeira vez desde que chegou ao poder há 30 anos, no final do apartheid. Após a eleição de quarta-feira 29, com cerca de um terço dos votos apurados nesta quinta-feira, 30, a legenda do ex-presidente Nelson Mandela tem apenas 42%, 15 pontos percentuais a menos do que obteve no último pleito, em 2019.
Enquanto isso, a Aliança Democrática, um partido de direita que se diz pró-empresas, abocanhou 25% dos votos. Já os Combatentes pela Liberdade Econômica, legenda de esquerda de inspiração marxista, está com 9%. Não muito atrás, com 8,8%, está o partido uMkhonto we Sizwe (MK), lançado em dezembro por Jacob Zuma, que foi forçado a renunciar ao cargo de presidente da África do Sul em 2018 devido a alegações de corrupção.
Se os resultados finais forem semelhantes aos parciais, seria um golpe impressionante para o ANC, que lidera a África do Sul desde que venceu as primeiras eleições totalmente democráticas do país sob Nelson Mandela, em 1994. O partido perdeu apoio da população nos últimos anos, com queixas que vão desde o aumento do desemprego até a escassez de água e cortes de energia que duram até 10 horas por dia.
“O ANC perdeu as eleições”, disse David Everatt, professor da Universidade de Witwatersrand que conduziu pesquisas para o partido de 1993 a 2021. “O ANC não vai chegar aos 50% e ninguém mais o fará. Mas o ANC continua a ser o maior partido.”
Se o ANC obtiver mais de 45% dos votos, pode tentar formar uma coalizão com partidos que obtiveram cerca de 1% dos votos, segundo Everatt. Se permanecer abaixo de 43%, provavelmente precisará procurar um parceiro maior – que deve exigir condições mais desafiadoras para a aliança.