Pelo menos cinco imigrantes morreram na madrugada desta terça-feira, 23, no norte da França, na tentativa de atravessar o Canal da Mancha para chegar ao Reino Unido. Os refugiados estavam em um pequeno barco superlotado, com mais de 110 pessoas. Os três homens, uma mulher e uma criança, de supostamente 4 anos, morreram afogados depois de caírem da embarcação abarrotada.
O canal que divide a França e o Reino Unido é uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo e o número de travessias já aumentou 25% neste ano em relação ao ano passado. A viagem é perigosa devido às fortes correntes que ameaçam a estabilidade de barcos pequenos, geralmente utilizados pelos imigrantes.
“Essas tragédias têm que parar. Não aceitarei um status quo que custa tantas vidas”, disse o secretário do Interior do Reino Unido, James Cleverly, sobre a morte dos imigrantes.
Projeto de lei
A tentativa de travessia aconteceu um dia depois do Parlamento britânico aprovar um projeto de lei que propõe que os imigrantes que cheguem ao Reino Unido em pequenos barcos sejam extraditados para Ruanda e tenham seus pedidos de asilo processados no país africano.
A nova legislação é um dos principais projetos do governo conservador do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e tem como objetivo combater a imigração ilegal no país. “Isso é o que tragicamente acontece quando eles empurram as pessoas para o mar e é por isso que, por uma questão de compaixão mais do que qualquer outra coisa, devemos realmente quebrar esse modelo de negócios”, afirmou Sunak, se referindo às cinco mortes no Canal da Mancha.
Segundo o Escritório Nacional de Auditoria, o projeto custaria 1,8 milhão de libras (R$ 11,5 milhões) para cada um dos primeiros 300 deportados. O primeiro-ministro afirmou na segunda-feira 21 que o primeiro voo transportando refugiados para Ruanda partirá dentro de 10 a 12 semanas.
O projeto é visto como desumano pela oposição. “Em vez de uma legislação hostil que gere manchetes, precisamos de rotas seguras para aqueles que fogem de conflitos e perseguição, incluindo mais opções de reunião com a família, vistos de refugiados e cooperação com nossos vizinhos europeus”, afirmou o Conselho de Refugiados no Reino Unido sobre o projeto de lei de Ruanda.