Apesar das críticas pela falta de um posicionamento mais enfático após o ataque do Irã contra Israel, no sábado 13, a resposta do Itamaraty ainda segue tímida. Na segunda-feira, cobrado se o Brasil seguiria sem condenar o lançamento de drones de Teerã, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desviou e afirmou que “o Brasil condena sempre qualquer ato de violência e conclama sempre o entendimento entre as partes”.
Segundo Vieira, a nota do Itamaraty, criticada pela comunidade israelense e pelo embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, foi feita assim que o ataque foi divulgado.
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“Ela foi feita à noite em que todo o movimento começou e nós manifestamos o temor que o assunto, o início da operação, pudesse contaminar outros países”, disse. “À noite, a todo momento em que não tínhamos, claro, a extensão ou o alcance das medidas tomadas. E sempre fizemos o que fazemos, sendo um apelo para a contenção e medição das duas partes”, acrescentou.
No comunicado, o Itamaraty afirmou que “o governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria”.
“Desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o Governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã”, completou o documento.
Segundo uma fonte do Itamaraty ouvida por VEJA, há entendimento de que a crise foi iniciada quando Israel atacou a embaixada iraniana na Síria, matando sete membros da Guarda Revolucionária. O Itamaraty avalia que, diante desse cenário, “não tem condição de cobrar coerência de ninguém”. No entanto, o governo cogita a possibilidade de emitir um novo comunicado, a partir do momento que os fatos justificarem, mas que não será pautado pela embaixada de Israel.
Em comparação, os Estados Unidos e a União Europeia reagiram de forma categórica. O governo do presidente americano, Joe Biden, reforçou a aliança entre Estados Unidos e Israel e declarou apoio ao exército israelense contra as ameaças vindas do Irã. Após o ataque Biden convocou uma reunião com os conselheiros de segurança para discutir a crise. A União Europeia afirmou que “condena firmemente o inaceitável ataque iraniano contra Israel” e reforçou os perigos de uma “escalada sem precedentes” como “ameaça para a segurança regional”.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, também se posicionou contra o ataque e chamou a ação de “imprudente”. “Estes ataques arriscam inflamar as tensões e desestabilizar a região”, disse. Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, afirmou apoiar o direito de Israel de se defender e disse que o Irã demonstra “desrespeito pela paz e estabilidade na região”.
ENTENDA
O governo de Israel informou no sábado, 13, que mais de cem drones iranianos foram lançados contra o país horas depois de as Forças de Teerã anunciarem a apreensão de um navio supostamente ligado a Israel. Segundo o Irã, o ataque anunciado seria um ato de “legítima defesa” em resposta à investida contra seu consulado em Damasco, na Síria, ocorrido no início de abril — que matou um comandante e outros seis oficiais da Guarda Revolucionária Iraniana. Israel nega a autoria do atentado.
No domingo, 14, o exército israelense afirmou que os drones iranianos foram principalmente direcionados contra a base aérea Nevatim, mas que o resultado foi um dano minimo à estrutura do local, que continua em atividade. Entre civis, apenas uma garota ficou ferida. Mais de 99% dos estimados 120 drones e mísseis lançados pelo Irã foram interceptados no ar.
A ofensiva iraniana afirma que o ataque pode ser considerado concluído e que não há a intenção de outro embate, contanto que Israel não volte a retaliar, muito menos que haja envolvimento dos Estados Unidos na região. Segundo as Forças Armadas israelenses, o país tem planos traçados e está analisando as opções. “Estamos prontos para fazer o que for necessário para defender Israel”, disse um porta-voz do exército. O incidente ocorre em meio a uma escalada de tensão na região que teve início com os ataques israelenses em Gaza, em outubro de 2023.