Horas depois que sua primeira escolha para ocupar o cargo de procurador-geral dos Estados Unidos desistiu, o presidente eleito Donald Trump nomeou a ex-procuradora-geral da Flórida, Pam Bondi, como sua nova chefe do Departamento de Justiça.
Trump fez o anúncio em uma publicação em sua rede social, a Truth, na noite de quinta-feira 21 — o mesmo dia em que o ex-deputado Matt Gaetz, que o presidente eleito havia selecionado para o cargo na semana passada, anunciou sua desistência.
“Por muito tempo, um politizado Departamento de Justiça foi usado como arma contra mim e outros republicanos — não mais”, disse Trump. “Pam vai redirecionar o Departamento de Justiça para seu propósito original, de combater o crime e tornar a América segura novamente. Conheço Pam há muitos anos — ela é inteligente e durona, e é uma lutadora da AMERICA FIRST (EUA em primeiro lugar), que fará um ótimo trabalho como procuradora-geral!”, completou.
Gaetz fora de cena
Primeira escolha de Trump para a Justiça, Gaetz é alvo de uma investigação no Comitê de Ética da Câmara dos Deputados, que apura acusações de que ele teria pagado para fazer sexo com uma menina de 17 anos, feito uso de drogas ilícitas e outras possíveis violações éticas. Antes disso, o Departamento de Justiça dos EUA o investigou em um caso relacionado a tráfico sexual, embora não tenha apresentado acusações formais.
O Comitê de Ética votou por não divulgar os resultados da investigação sobre Gaetz, que o Senado pediu para avaliar sua confirmação, ou não, para o cargo de procurador-geral. Os encontros sexuais com a jovem teriam ocorrido em 2017, durante uma festa, alegações que ele negou de forma enfática.
O crescente foco nas investigações tornou sua nomeação para chefiar o Departamento de Justiça um ponto de discórdia dentro do Partido Republicano, dificultando sua ascensão ao cargo. Segundo a imprensa americana, Gaetz anunciou sua renúncia à indicação depois de avaliar que não conseguiria os votos necessários para ser aprovado pelo Senado, uma exigência nos EUA para a maior parte dos cargos do primeiro escalão. Como procurador-geral, Gaetz chefiaria o órgão que conduz investigações contra ele próprio.
Quem é Pam Bondi
Bondi, que foi procuradora-geral do estado da Flórida, ajudou a preparar a defesa de Trump quando houve uma tentativa de impeachment contra ele em 2019 —à época o líder republicano estava no primeiro mandato à frente da Casa Branca.
Ao anunciar seu nome, Trump afirmou que ela “foi procuradora por quase 20 anos, quando foi muito dura contra criminosos violentos e tornou as ruas da Flórida segura para famílias. Como procuradora-geral (do estado), trabalhou para parar o tráfico de drogas e diminuir overdoses”.
Além de ser próxima ao presidente eleito, Bondi comanda a ala jurídica do America First Policy Institute, um centro de pesquisas que tem trabalhado com a equipe de Trump para apresentar propostas de governo. Em reportagem deste ano, o portal de notícias Politico descreveu o think tank como uma “Casa Branca em stand by”. Nesse cargo, a advogada coordenou uma série de processos com o intuito de levar os resultados das eleições presidenciais aos tribunais nos swing states (estados-pêndulo, onde a disputa é acirrada entre democratas e republicanos) caso o ex-presidente fosse derrotado.
Se for aprovada pelo Senado, Bondi será a quarta mulher a chefiar o Departamento de Justiça, órgão que tem funções semelhantes às do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério da Justiça no Brasil. O órgão é responsável pelo FBI, a PF americana, enquanto atua em paralelo como acusação em casos que envolvem crimes federais.