Em seu discurso final na Assembleia Geral das Nações Unidas, na terça-feira 24, em Nova York, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi aplaudido com entusiasmo pela poderosa plateia. Foi como uma cerimônia de adeus. “Meus colegas líderes, nunca esqueçamos que algumas coisas são mais importantes do que permanecer no poder”, disse o democrata, que abriu mão de disputar a reeleição e indicou a vice, Kamala Harris, para a missão de derrotar Donald Trump no pleito marcado para 5 de novembro. “É o seu povo que mais importa. Nunca se esqueçam, estamos aqui para servir ao povo, não o contrário.” Ele participou também de uma homenagem organizada pelo instituto Clinton Global Initiative, fundado pelo ex-presidente Bill Clinton. Aos 81 anos, Biden, o mais velho a chefiar a Casa Branca, também procurou oferecer uma perspectiva otimista diante da tumultuada geopolítica da atualidade. Ele convocou os presentes a fazer uma varredura da história no último meio século, período que coincide com sua carreira política. Citou a Guerra do Vietnã, o apartheid da África do Sul, a queda da União Soviética e os ataques do 11 de Setembro. “As coisas podem melhorar”, resumiu. Podem sim, e convém lembrar que Biden sairá de cena sem ter encaminhado, com a influência americana, alguma solução para a invasão da Ucrânia pela Rússia, que há 31 meses devasta o país na maior conflagração em solo europeu desde o fim da Segunda Guerra, e o cessar-fogo entre Israel e Hamas. Não terá tempo.
Publicado em VEJA de 27 de setembro de 2024, edição nº 2912