Em um evento de poucos destaques e derrotas decepcionantes dos lutadores brasileiros no UFC São Paulo, o americano Colby Covington roubou a cena muito mais pelas besteiras que falou do que por sua relevante vitória sobre Demian Maia, pelo peso-meio-médio. Antes e depois da luta, Covington fez duras críticas ao Brasil e à capital paulista, chamada por ele de “buraco”. Depois de ser atingido por objetos ao deixar o octógono, o americano chamou os torcedores de “animais imundos”. Sua postura foi bastante criticada por lutadores brasileiros e também pelo UFC.
Covington, que sonha em disputar o cinturão com o compatriota Tyron Woodley, disse odiar o Brasil e reclamou especialmente dos gritos de “Uh, vai morrer”, que os brasileiros costumam gritar em duelos entre atletas nacionais e estrangeiros. Seu comportamento nada diplomático chamou a atenção de vários lutadores brasileiros com quem Covington treina na academia American Top Team (ATT), na Flórida. Covington não compareceu à entrevista coletiva do evento após as lutas.
O paraibano Antônio Carlos “Cara de Sapato”, que treinou com Covington antes do confronto, disse que o americano terá de dar explicações na academia. “Espero que ele esteja agindo como personagem, mas, mesmo assim, não gostei porque treinei com ele. Ele está desrespeitando meu país, meu povo, as pessoas que eu amo e represento. (…) Passou um pouco do ponto, foi bem desrespeitoso, bem preconceituoso com os brasileiros, então com certeza vai criar um clima super desagradável”, disse Cara de Sapato, que venceu sua luta em São Paulo.
Antônio Pezão foi além e chamou o colega de academia de “FDP”. “Colby, você é uma pessoa suja e antiprofissional, vou te mostrar como respeitar meu país e meu povo”, ameaçou o peso-pesado, em inglês, em postagem nas redes sociais.
https://www.instagram.com/p/Ba0akDXhoEi/
O vice-presidente de assuntos internacionais do UFC, David Shaw, disse que os acontecimentos “não nos deixam felizes” e cogitou punir Covington. “Já está sendo revisado junto com o nosso código de conduta. Não posso falar agora o que pode acontecer, mas vamos rever isso”. Ele, no entanto, também lamentou a reação dos brasileiros. “Não tem como apoiarmos um fã que joga algo algo nos lutadores.”
Covington mantém provocações
O lutador americano, no entanto, não demonstrou qualquer arrependimento ou receio. Após a luta, ele desabafou. “Fui chamado de todos os nomes possíveis e ouvi os gritos de “vai morrer”. Eu os cutuco de volta e todos perdem a cabeça?” questionou. Mais tarde, diante de todas as pesadas críticas, Covington apresentou um “pedido de desculpas” repleto de ironia.
“Fui trabalhar e as pessoas gritaram, cuspiram, uma gangue jogou garrafas d’água e outros objetos em minha direção, e mais de 10.000 pessoas cantaram “Uh, vai morrer”. A empresa pra qual trabalho teve de colocar seguranças na porta do meu quarto de hotel para me proteger. Por isso, quero pedir desculpas formais a qualquer animal imundo que ofendi ao compará-los com os meus anfitriões em São Paulo”, escreveu o lutador.
Nesta segunda-feira, Ricardo Liborio, um dos fundadores da ATT anunciou sua saída da academia. Ele diz que sua saída não tem relação com o caso de Covington, mas fez questão de condenar o comportamento de seu ex-aluno.
“Não concordo com qualquer comportamento que instigue ódio, preconceito, ou bullying de qualquer tipo. Me entristece ver o esporte seguir uma direção de tamanho desrespeito. É antiprofissional, e também promove a cultura do ódio e crueldade entre as pessoas. Esportes de combate deveriam sempre representar as qualidades de humildade, empatia e respeito”, afirmou, em comunicado divulgado pelo site MMA Fighting.