Procuradores do Ministério Público Financeiro da França chegaram a Brasília para investigar, em parceria com brasileiros, um esquema de compra de votos de membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a realização dos Jogos Olímpicos no Rio em 2016. O grupo suspeita que delegados da entidade tenham recebido propina para votar favoravelmente na disputa com Madri, Tóquio e Chicago, realizada em outubro de 2009, pelo direito de organizar os Jogos. Existe ainda a suspeita de pagamento ilegal para compra de votos de Tóquio 2020.
Segundo as investigações, três dias antes da sessão do COI que definiria a cidade-sede dos Jogos de 2016, realizada em outubro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca, duas transferências que totalizaram 2 milhões de dólares (cerca de 6,3 milhões reais) foram realizadas pela Matlock Capital Group, empresa com sede em Miami, nos Estados Unidos, e de propriedade do empresário brasileiro Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, favorecendo membros da família de Lamine Diack, então presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf) e membro do COI. Segundo o MP Financeiro da França, o voto de Lamine Diack em favor do Rio seria crucial para obter a adesão de dirigentes africanos, que votam em bloco nas sessões do COI.
A investigação do MP apura os vínculos entre Arthur Soares e Sérgio Cabral (já que na época, uma das empresas de Soares tinha contratos de prestação de serviços para o Governo do Rio) e a existência de um pacto de corrupção em torno dos Jogos de 2016, que envolveria as obras públicas com as quais o governo brasileiro se comprometeu junto ao COI.
Um dos focos de suspeita dos investigadores é a existência de ligações entre empreiteiras que se beneficiaram dos projetos de infraestrutura traçados para os Jogos Olímpicos e a suposta compra de votos. Mesmo depois de um primeiro desenho do Parque Olímpico ter sido fechado entre os técnicos do COI e do comitê organizador, a construtora Odebrecht pediu mudanças nas instalações.
Em nota, a empresa não quis se manifestar. “A Odebrecht não se manifesta sobre eventuais investigações e reafirma que vem cooperando com autoridades brasileiras e estrangeiras. A empresa está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas.”
(Com Estadão Conteúdo)