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O salto para a história de Rebeca Andrade

Com mais uma prata em Paris, Rebeca já figura no rol de brasileiros com mais pódios olímpicos

Por Monica Weinberg, de Paris
Atualizado em 3 ago 2024, 16h08 - Publicado em 3 ago 2024, 12h38

Os duelos na arena de Bercy, em Paris, têm sido extenuantes – além de uma prova atrás da outra, Rebeca Andrade ainda tem sempre pela frente a americana Simone Biles, colecionadora serial de pódios numa fase em que, mesmo quando desliza aqui e ali, arrebata a medalha dourada. E a dinâmica de dois dias atrás, no individual geral, se manteve: Simone ouro, Rebeca prata, dois saltos de tirar o fôlego.

Foi nesta atmosfera em que elas observaram atentamente uma à outra, num ginásio rachado por bandeiras de Estados Unidos e Brasil, já um hábito na arena francesa, que a ginasta brasileira esteve, nesta sexta-feira 3, frente a frente com sua etapa preferida no circuito olímpico. Deu aquela respirada, ouviu “Rebeca, Rebeca!” e pulou. Uma, duas vezes.

E assim, com belos movimentos de segundos, a menina cujo salto maior foi da pobreza na infância passada em Guarulhos ao epicentro da ginástica mundial, levou sua prata, a quinta medalha olímpica até agora (só em Paris, é sua terceira). Um feito que se iguala aos dos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael e cimenta a ascensão da ginástica brasileira. “Senna inspirava muita gente, hoje inspiro muita gente. Estou ficando gigante”, falou, já com a prata.

XADREZ FRANCÊS

Um suspense (tum-tum-tum era a trilha sonora) pairava sobre os giros e alturas que Rebeca e Simone escolheriam para apresentar. Era como um jogo de xadrez: elas poderiam subir o nível de dificuldade, aí partiriam de uma nota mais alta. Mas o risco de errar também se eleva proporcionalmente, daí a dúvida em arriscar. É como um tudo ou nada no qual o resultado pode levar à medalha dourada ou a mãos abanando.

Na ginástica, os saltos, sendo inéditos, ganham o nome do autor. Rebeca chegou a inscrever um certo Yurchenko com tripla pirueta nunca antes executado – um possível futuro “Andrade”. Poderia resultar no ouro, mas custar o pódio – do céu ao inferno. No fim, a decisão do técnico Chico Porath foi manter a via mais segura. “Vamos garantir as medalhas”, chegou a dizer nestes dias. E garantiu

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Ao longo das batalhas da ginástica em Paris, Simone Biles coroou uma trajetória espetacular, que já rendeu em Jogos sete ouros, contando o de agora. Hoje, ela resolveu acolher os riscos e puxar a régua da dificuldade para cima. Foi de “Biles II” e disparou. Deu certo. “Bai-líssss”, voltou a gritar a plateia de sotaque francês.

ESPERANÇA, POR QUE NÃO?

O círculo mais próximo de Rebeca conta o quão realista ela é, conhecedora de seus limites e com boa visão do jogo que joga. Por isso, ao contrário das outras provas, sabia que justamente nesta residia uma chance de ouro.

No Mundial da ginástica artística m, na Bélgica, o salto a guindou ao alto do pódio, enquanto Simone desfilou com a prata. A americana é outra que sabe muito bem o papel que ocupa na geopolítica dos tablados. Não faz muito tempo, falou sobre Rebeca, com quem vem cruzando por todo o circuito internacional. “A presença dela me faz tirar o melhor de mim.”

E amanhã, domingo 4, tem mais Rebeca e Simone, duelando nas barras assimétricas. Solo e trave (nesta última a brasileira não se classificou, mas Júlia Soares, sim) são o fecho da competição parisiense. Que seja de ouro.

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